Bem-vindos ao Cinema & Consciência, um novo espaço para a difusão e a discussão do cinema brasileiro e internacional. Vamos falar de filmes ou documentários, discutir ética e estética do cinema, com enfoque nas pessoas, nos temas e nos fatos. Os comentários dos visitantes serão sempre bem-vindos. Todos os textos neste blog são de autoria de Mário Luna, salvo aqueles em que a fonte for mencionada.Críticas construtivas e sugestões em geral, envie e-mail para este blogger: cinemaconsciencia@gmail.com "Não acredite em nada que ler ou ouvir neste blog. Reflita. Tenha as suas próprias opiniões e conclusões"
No ano de 1973, um escândalo ocupou as manchetes dos jornais americanos. Autoridades locais de East Hampton, uma área residencial nobre no estado de Nova Iorque, tentaram expulsar mãe e filha de uma mansão decadente do balneário de luxo, alegando falta de condições sanitárias. Isso tudo pode acontecer por inúmeras razões, mas, neste caso, mãe e filha se tratavam das ex-socialites Edith Bouvier Beale e sua filha Edie, outrora pertencentes ao crème de la crème da sociedade novaiorquina. Não apenas este fato inflamava as notícias nos jornais, mas, sobretudo, por elas serem, respectivamente, tia e prima de Jacqueline Kennedy Onassis.
A vida intrigante e pertubadoramente interessante de Edith Bouvier Beale e sua filha Edie foi inicialmente tema do polêmico documentário dos irmãos Albert e David Maysles, "Grey Gardens," lançado em1975. Inovadores da técnica do "cinema direto," os irmãos aportaram na mansão de East Hampton com uma camera e um microfone nas mãos e algumas ideias na cabeça. O resultado produziu um compêndio de excentricidades, protagonizado por duas mulheres, cujos diálogos deixariam perplexos Tenesse Williams e Euguene O'Neil. Mas, Grey Gardens mostra muito mais do que isso. O documentário foi feito dois anos depois da reforma da casa, realizada por Jacqueline K. Onassis, mas ainda é possível sentir a presença do abandono, do descaso, do autoflagelo humano e da imundície na qual Big Edie e Little Edie, como eram conhecidas, mergulharam nos últimos 20 anos de convivência na mansão.
O documentário é pertubador na medida em que gera reflexões inevitáveis, pois registra uma natureza humana não muito comum, totalmente incoerente e ilógica. Como duas mulheres outrora frequentadoras da alta sociedade nova iorquina puderam cair num isolamento tão intenso e num auto-abandono tão profundo ? Como uma mulher linda e rica na juventude não conseguiu um casamento, se este era um valor almejado de Little Edie ? Em linha geral fica difícil entender, mas, vendo o documentário conseguimos algumas dicas. A relação mãe e filha sofre da síndrome da ectopia afetiva e retroalimenta uma interprisão grupocármica difícil de anistiar. Ambas têm fortes tendências autofágicas, tanto pelo autoesquecimento quanto pelo autoflagelo em que as duas vivem submersas e dependentes. Há uma mistura de lucidez temporária e loucura quase permanente nas cenas em que aparecem entulhadas sobre as camas, com outras mil traquitandas, em meio à desordem do ambiente, que poderia muito bem ilustrar a desordem interior da vida daquelas duas ex-personagens da aristocracia americana dos anos 30 e 40.
Big Edie, a mãe, cantava. Little Edie, a filha, tinha sido modelo e tentado ser atriz. Ao serem filmadas pelos Irmãos Maisley, o que elas revelaram não era tanto seu comportamento cotidiano, mas as suas interpretações artísticas frustradas no passado. Os Maisley ilustram bem isso ao abusar da imagem da bela pintura a óleo de Big Edie, na qual ela aparece como uma jovem de beleza ímpar, e que, no momento do filme, estava jogado em um canto do quarto, servindo como esconderijo para os gatos fazerem cocô e xixi.
Do lado de fora da mansão, o abandono não é menos pronunciado. Composta por grandes jardins e um velho casarão, a mansão estava tomada por lixo, detritos, gatos pestilentos, guaxinis e pulgas. Isoladas de tudo e de quase todos, eram incapazes de sustentar as necessidades de manutenção do casarão e deixavam a velha mansão ruir à sua volta, enquanto viviam em condições precárias. Os dois lados da moeda da vida dessas duas personagens, no sentido mais amplo da palavra, convivem no mesmo cômodo: ao mesmo tempo em que vemos a deteriorização generalizada em que as duas se meteram, testemunhamos um esforço consciente de recriar uma certa aura de glamour sobre si mesmas. Essa contraposição entre esse senso de estilo anacrônico e o evidente esquecimento em que se tornou Grey Gardens gera o verdadeiro drama do filme e torna chocante a situação das Bouvier.
Depois do sucesso de Gimme Shelter, documentário que registrou a passagem da banda inglesa Rolling Stones pelo Estados Unidos anos antes, os irmãos Maisles conseguiram com Grey Gardens semelhante aclamação crítica universal, por expôr não só a estranha e dramática existência das Bouvier, mas a própria natureza dos documentários - dentro do estilo cine-verdade. Mas, por outro lado, o filme gerou uma polêmica helênica: a exposição das personagens reais foi vista como ato de desrespeito pelos críticos mais moralistas. Além disso, acusaram os diretores de exibir as mulheres sem os retoques de beleza necessários e imprescindíveis à qualquer beldade que aparecesse na grande tela naquela época.
Numa das cenas finais, Little Edie tem uma longa discussão com a mãe, finalmente confrontando as bases da relação, o que acarretou na malfadada existência de Grey Gardens. Enquanto Little Edie responsabiliza a mãe por tê-la obrigado a ficar na casa e afastado dela todos os pretendentes que teve quando jovem, ela olha para o lado e a câmera corta para um quadro na parede, com a imagem de Little Edie ainda adolescente, bela e com um futuro brilhante. Ao voltar para a envelhecida e ressentida senhora Edie, sempre coberta por véus que escondem sua falta de cabelo, o espectador não pode resistir a associar inconscientemente a cena a uma ideia geral de perda. Perda da juventude, da beleza, de um universo de possibilidades. Esta é apenas mais uma das cenas de compadecimento por uma consciência frágil, débil, perdida, manipulável, carente... intrerpesa com uma mãe igualmente frágil, débil, perdida, manipulável, carente e... intrerpesa. Este é um caso inesquecível de duas mulheres que nasceram para uma vida em comum, longe de quase tudo e quase todos, até que a interprisão as separe.
Grey Gardens, o fime, foi produzido pela HBO em 2008 e lançado na televisão em abril deste ano, com Jessica Lange e Drew Barrymore nos papéis principais de mãe e filha respectivamente. O DVD da região 1 (América do Norte - a nossa é a região 4) saiu por aqui nas locadoras, mas é possível comprá-lo em algumas lojas online.
Naturalmente, o documentário poderia ser suficiente ao espectador, pois se trata de um documento-verdade clássico e sério. Mas, o filme ganha importância na medida em que aborda a fase do glamour das Beale, nos anos 30, e conta toda a trajetória até a fase decadente do lixo e do esquecimento, revelando como aconteceu a incompreensivel curva pessoal-social descendente de ambas as Beale. Isso não está, e nem poderia, no documentário. Esse talvez seja um dos raros casos em que um filme é necessário depois que um documentário sobre o tema foi feito. Da fase em que eram personalidades até se tornarem personagens há um período de 40 anos, mas a fase crítica começa mais especificamente com a morte do pai de Little Edie, de quem sua mãe estava divorciada. Foi então que começaram os altos e baixos financeiros, emocionais, afetivos, as carências seculares e a interprisão entre as duas se consolidou.
No filme sabemos que Big Edie teve dois outros filhos, cujos nomes não são mencionados por ela no documentário. Na faixa comentada no documentário, uma das produtoras explica que a relação entre ela e os filhos nunca foi próxima e, com o isolamento com a filha em Grey Gardens, ela simplesmente os apagou da memória. Eles tampouco tentaram qualquer aproximação no período das filmagens. Viviam no sul dos Estados Unidos na época em que a mãe e a irmã eram assuntos nos jornais de Nova Iorque.
Outro ponto alto do filme é a atuação de Jessica Lange e Drew Barrymore, ambas aclamadas e presentes no Globo de Ouro deste ano. A maquiagem para mostrar o envelhecimento ao longo de 4 décadas de história também é algo notável. Fernanda Torres, no documentário de Eduardo Coutinho, Jogo de Cena, diz que representar um personagem real é bem mais difícil do que um fictício, e por boas razões ela reconhece isso. Quando se tem um modelo vivo, qualquer representação parece aquém da realidade. Mas, a adapatação para as telas de Big e Little Edie é um show a parte. Drew Barrymore encarna a socialite de corpo, alma e voz - a entonação pitoresca e inesquecível de Little Edie ganha vida extra na voz de Drew. Impressionante. Assim como o é no aspecto visual. A mesma qualidade encontramos no trabalho de Jessica Lange, que também canta com ótima voz, como a personagem real. Bravo!
O filme completa o documentário dos irmãos Maisles. Vale a pena ver as duas obras para tentar entender, talvez em vão, alguns enigmas da natureza humana os quais norteiam a vida dessas duas mulheres incríveis.
A história de Jogos Sinistros, o filme do francês Laurent Tuel, surpreende por várias razões: primeiro, por ser francês - a França resiste à espiritualidade pública desde os tempos de Alan Kardec, e mais recentemente das descobertas do físico Jean Charon, e raros são os filmes do gênero realizados por lá; e segundo, pelo realismo do plot, núcleo do enredo, apesar de, para muitos, parecer o de uma realidade estapafúrdia. Embora o título pareça tendenciosamente assustador e macabro, a trama mostra uma série de fenômenos extrafísicos possíveis, já narrados em depoimentos de experiências pessoais e estudos paranormais os mais diversos - clarividência, psicofonia, clariaudiência, possessão, assimilação simpática, bagulho energético, materialização, manipulação assediadora, morfopensene patológico (padrão de campo energético doentio), além de bons exemplos do que ocorre quando perdemos o mando de campo do nosso padrão energético.
O filme conta a história de uma família bem estruturada e financeiramente privilegiada, que vive num luxuoso apartamento de um bairro parisiense, quando recebe a visita de um casal de idosos, antigos moradores do local. Com a intenção de recordar os dias em que viveram no apartamento, aquele par acima de qualquer suspeita vasculha os cômodos à procura de lembranças da época de criança. A partir daí os fatos começam a eclodir na rotina aparentemente tranquila da família. Inspirado em filmes como "O Iluminado" de Kubrick e "Os Outros" de Amenabar, Jogos Sinsitros constrói o drama sobre uma linha inicialmente psicológica, a qual, de forma interessante, atravessa aos poucos o limite das dimensões física e extrafísica. As cenas exibem um pesadelo crescente, quando a família passa a viver atormentada por visões assustadoras, vozes sinistras, atos de violência doméstica, tentaçõe sexuais inexplicáveis e até suicídio. Na medida em que os acontecimentos sombrios ganham a nova realidade, a loucura parece irreversível, promovida por uma perda de mando de campo energético de todos os habitantes da casa. No que muitos críticos não conseguiram enxergar realidade, por força de uma análise aquém das variáveis extrafísicas, podemos ver a condição assustadora da limitação consciencial em que as personagens se encontram.
Na grande tela, a construção do espanto, no entanto, suscita um estado de alucinação coletiva de uma forma tão lenta e furtiva que, surpreendentemente, nos pegamos inseridos em experiências já vividas, as quais, de alguma forma, têm relação com o drama da história. O filme evoca a fragilidade promovida por uma autodefesa energética precária, a vulnerabilidade dos desavisados sobre a vida multidimensional e a necessidade de um estado de alerta constante nas nossas interrelações diárias, no que diz respeito às influências energéticas negativas. Percebemos aqui o quanto, às vezes, andamos à deriva feito náufragos do asfalto, presas fáceis para assediadores de toda sorte. Não precisamos de muito estudo para analisar tal fragilidade. Basta apenas garimpar na memória todos os momentos em que decidimos fazer coisas que não queríamos, com consequências desastrosas, as ocasiões em que tivemos mudança súbita de humor sem explicação aparente, os eventos que nos fizeram entrar em loop pessoal, com depressões deslocadas e tendências suicidas que desaparecem tão rapidamente quanto aparecem.
Se analisarmos todos esses eventos do dia-a-dia, vamos observar assustados o quanto vivemos coisas que não condizem com o nosso padrão normal de comportamento, o quanto pensamos fatos que não fazem parte da nossa memória pessoal, mas com a qual, de alguma forma, criam-se conexões. A imiscuidade energética é tão comum e presente na nossa rotina pessoal que, se tirarmos pensamentos e sentimentos que sofrem algum tipo de interferência energética, ficamos apenas com 2% de ações autênticas. Assustador.
Jogos Sinistros mostra uma realidade que não queremos ver, posto que, se observada de forma séria, nos leva diretamente aos pontos fracos da nossa condição energética e da maneira equivocada com que nos relacionamos com o mundo. Apesar da crítica não ter recebido bem o filme, considerando-o o irmão pobre dos seus ícones de inspiração já citados acima, a experiência de assistí-lo vai, certamente, levantar algumas questões para reflexão e fazer o espectador evitar a inutilidade de assistir a um filme sem considerar os aspectos multidimensionais das tramas - sabemos, entretanto, não apenas aquelas expostas nas telas, mas, sobretudo, na nossa vida pessoal.
Uma Mente Brilhante mostra a história real do matemático John Nash, gênio precoce da Universidade de Princeton, que se destacou elaborando uma teoria revolucionária, a primeira a atualizar a área desde Adam Smith. Nash é um nerd que passa os dias trancafiado na biblioteca de Princeton, escrevendo fórmulas matemáticas enigmáticas, sempre à procura da "idéia original" que o separaria da mesmice do resto dos matemáticos mortais.Mas, enfim, o reconhecimento chega com a publicação de sua teoria sobre o "equilíbrio," e, em seguida, um emprego em Washington, como decifrador de códigos. Em plena Guerra Fria, Nash é chamado no Pentágono para decifrar um código russo recém capturado, e, em questão de horas, ele consegue descobrir padrões e coordenadas importantes apenas olhando para o código. Gênio. Contudo, cada vez mais paranóico e vendo padrões e conspirações soviéticas em todos os lugares, John Nash finalmente perde o controle sobre a própria mente e torna-se completamente esquizofrênico, sendo internado em um hospital psiquiátrico. Nesse momento, o filme ganha uma nova dimensão. Ou melhor, duas, pois não sabemos se o que o personagem principal vê é realidade ou fruto da sua imaginação. É aqui que entendemos a relação patológica multidimensional da genialidade, pois, a exemplo de outros grandes, como Mozart, Einstein, Van Gogh, Newton, Baudelaire, genialidade e loucura nunca tiveram um limite muito claro ente elas. A parte final é também a parte dos questionamentos: Nash estava realmente trabalhando para o governo? Seu trabalho procurando padrões em revistas é realmente de segurança nacional ou não passa do delírio de uma mente desequilibrada? E, mais pertubador ainda, seriam alguns dos personagens com o qual já nos familiarizamos reais ou são frutos da imaginação de Nash? Quem é real e quem é imaginário? Oh dear. Bem, sem inspirar algumas perguntas ao final nenhum filme vale a pena. Uma Mente Brilhante é... brilhante.
Usando a Filosofia para analisar O Clube do Imperador, Hobbes e Russeau nos bastariam, com as seguintes perguntas: o homem nasce bom e a sociedade o corrompe ? Ou ele nasce mal e a educação e o convívio social possibilitam-no a fingir uma bondade que não tem ? Ou mesmo, qual seria o verdadeiro poder da educação na vida de um homem? Sabemos que limitar o questionamento sobre a natureza do homem na dicotomia bem e mal simplificaria a complexa teia pluriexistencial humana. Mas, aqui tal emprego tem fundamento, pois é baseado nisso que o plot do filme se desenvolve. Na verdade, O Clube do Imperador vai um pouco além dessa discussão, pois estende o questionamento num campo de dilemas éticos, no qual a idéia do homem criado e moldado ao estilo soldado romano, onde a disciplina, a ética, e os valores morais, bem como a busca pelos ideais de cavaleiros estão presentes, desencadeia toda a importância do drama. O cenário é uma escola de alta-elite, engajada na formação de líderes e de grandes homens de negócios. Os alunos aqui já estão com seu lugar ao sol e o que terão que fazer na escola, na verdade, é apenas manterem-se na ascensão social, longe do risco de qualquer desvio. Quando o garoto filho de um influente senador chega para se integrar ao grupo escolar, ele já vem com um inicio corrompido, com uma "natureza" comprometida. Cria-se a partir de então, os dois lados da situação emblemática. Na visão do professor e de parte da turma, seus modos são ultrajantes, mas, na visão do pai, são perfeitamente normais e em nada contraria os princípios éticos e morais existentes no padrão da maioria das pessoas, ou no padrão social "vigente."A questão mais interessante do filme é, como um indivíduo, com seus valores e princípios comprometidos, pode corromper os valores vigentes do meio, sem suscitar uma discussão sobre a fragilidade dos valores sociais pré-estabelecidos. o garoto do filme aplica de forma brilhante a teoria da duplicidade de Maquiavel. Ele adota uma personalidade para, na verdade, controlar e se manter no poder, ao ponto de fazer o professor ir contra seus princípios éticos e morais alterando uma prova. Sem duvida vivemos em um mundo no qual somos vulneráveis ao auto-engano, enganamos o outro ou somos enganados. A lisura de caráter envolve um autoconhecimento sério, o qual nem sempre estamos dispostos a encarar, pois ele significa abrir mão dos ganhos secundários, abandonar os pactos mórbitos e as autocorrupções seculares, além de promover mudanças de comportamento, princípios e valores morais. Na esfera filosófica, Platão sabia disto e Buda também, enganar é uma das mais fortes e natas características humanas.
Toda a ação de Entre os Muros da Escola se passa nas salas, nos corredores e nos páteos de um colégio nos arredores de Paris, ao longo de um ano letivo. Mas o filme do francês Laurent Cantet extrapola os muros e serve de cenário para a realidade de um país com desequilíbrio social, multicultural, onde negros e árabes não fazem parte do corpo letivo, só da equipe de faxina. É um drama e tanto, que se desenvolve em algumas camadas de seriedade: algumas superficiais, outras mais profundas, como, por exemplo, como a França lida com seus cidadãos saídos de ex-colônias. O filme ganhou a Palma de Ouro em Cannes 2008e tem muito a dizer também sobre a relação professor-alunos de modo geral, independente do contexto social. A relação de poder se desenrola em sua essência, sem máscaras, e mostra que, por mais que um professor tente se aproximar de seus estudantes, sempre vai existir uma barreira intransponível que os distancia. O professor protagonista busca em vão uma cumplicidade com seus alunos. O grupo heterogêneo traz imigrantes africanos, que trazem para a sala um histórico familiar em frangalhos, um menino chinês, que se esmera em matemática, mas vai mal na aula de francês, entre outros. O modo como François conversa com a classe dá a entender que, num ambiente tão culturalmente complexo, a única maneira de atingir o alunado é falando individualmente com ele. Mas o filme mostrará que, antes de mais nada, impera ali a hierarquia. O filme foi resultado do livro de François Bégaudeau, o professor protagonista, um ator não-profissional, que escreveu um livro contando suas experiências em sala de aula e se tornou best-seller na França. A bra autobiográfica ganha peso justamente por esse fato: ela surge de fatos, de histórias reais. Os alunos são todos atores amadores e interpretam a si mesmos. Isso dá ao filme uma força extra, pois vamos da ficção ao documentário sem perceber.
Segundo a Wikipedia, os Três Macacos Sábios ilustram a porta do Estábulo Sagrado, um templo do século XVII localizado no Santuário Toshogu, na cidade de Nikko, Japão. Sua origem é baseada em um trocadilho japonês. Seus nomes são mizaru (o que cobre os olhos), kikazaru (o que tapa os ouvidos) e iwazaru (o que tampa a boca), que é traduzido como não ouça o mal, não fale o mal e não veja o mal. Sobretudo se esse "mal" está dentro da sua própria casa.
O cinema moderno da Turquia traz o cinematograficamente belo 3 Macacos, do diretor Nuri Bilge Ceylan, que venceu o prêmio de melhor diretor do Festival de Cannes de 2008, e que, a partir do qual, ganhou notoriedade internacional.
O filme aposta bem sucedidamente em seus planos, na sua cor, no seu clima, e, sobretudo, na carga dramática dos atores, todos capazes de transmitir num único olhar as emoções densas e complexas que suas personagens exigem. 3 Macacos é, assim, mais cinema do que filme. Eu explico. Uma história de traição em si pode não ser inédita e facilmente você já deve ter cruzado por muitas. Mas quando uma história de traição ganha uma fotografia rara, atores magistrais e um roteiro sutil e elegante, deixamos o filme para olharmos a obra cinematograficamente falando. E nisso 3 Macacos é obra prima. É cinema de primeira classe.
O grande trio de intérpretes, Yavuz Bingöl, Hatice Aslan e Ahmet Rifat Sungar, respectivamente pai, mãe e filho, e o político, Ercan Kesal, têm performances memoráveis.3 Macacos conta a história de uma família pobre, corrompida por uma proposta indecente de um político local. Tendo atropelado um homem e fugido do local do acidente, ele oferece dinheiro e convence o seu motorista a assumir o crime para não enfrentar um escândalo na véspera de uma nova eleição. A soma de dinheiro oferecida superaria o tempo em que o motorista passaria atrás das grades, mas pior do que a perda da liberdade seria a perda da sua mulher, que, nos meses da sua ausência, se entrega a um romance com o próprio político, patrão do marido.
Seduzido pela mulher do seu motorista, o político embarca na aventura e o caso acelera a desagregação moral do núcleo familiar, que já nutria traumas do passado, como a morte de um filho quando criança, que aliás aparece no filme em duas cenas notáveis, antológicas. Sem mutos diálogos, o filme exige uma participação atenta do espectador para que nada seja desperdiçado, pois aqui temos uma obra para ser degustada e, claro, seriamente analisada.
Oa ganhos secundários são, a priori, a razão da criação do pacto mórbito. Mas a questão se estende quando os ganhos secundários envolvem sentimentos e valores essenciais e universais, como amor, admiração, respeito, união, lealdade etc. Nem todos estão prontos para uma confrontação, assim como nem todos estão aptos a confrontar. No impasse reside a dúvida, o que pode fazer o bola-da-vez clefar, mas não devemos julgá-lo. O que estar por acontecer tem um força incrível e apoiada em algum código de ética a resposta surge mais cedo ou mais tarde, as peças, naturalmente, se reagrupam e tudo se reencaixa, por mais dolorosa que seja a via através da qual todo o processo ocorrerá. Toda omissão deficitária acarreta uma reação em espiral que, naturalmente, traz de volta ao ponto de partida a ação não realizada. Não vi, não ouvi, não falei. Um dia, certamente, a casa cairá, e, senão literalmente, a reconstrução pessoal será inevitável.
A edição 2009 do Festival do Rio estará em toda a cidade de 24 de setembro a 8 de outubro. O Festival do Rio é o maior festival de cinema do Brasil e da América Latina.
No período do evento, 310 produções chegam às telas cariocas oriundas uma grande parte delas de outros grandes festivais pelo mundo, como Cannes, Sundance, Veneza e Berlim. Filmes inéditos no Brasil confirmam a importância do Festival do Rio não só por assumir a função de vitrine do cinema latino-americano, como também por sua representação definitiva do cinema independente no país. O púbico verá longas e curtas metragens, vindos de mais de 60 países, nas mostras Première Brasil, Panorama Mundial, Expectativa, Limites e Fronteiras, Mostra Geração, Dox, Midnight Movies, Mundo Gay e Pocket Films, entre outras.
A Première Brasil, coração do Festival do Rio, traz ao público e ao mercado internacional cerca de 60 filmes brasileiros inéditos, em sua grande maioria em premiere mundial. No Pavilhão do Festival, realiza-se também o Cine Encontro, discussões do público com os diretores e atores da Première Brasil. O público terá ainda a chance de participar de outros debates sobre o mercado cinematográfico e ter acesso gratuito ao lounge de games baseados em grandes filmes.
O Festival do Rio consolida também sua posição como plataforma de encontros de negócios para toda a área do audiovisual. Durante duas semanas, seminários, mesas redondas e encontros de projetos nas áreas de distribuição, co-produção e tecnologia enchem as salas do RioMarket, no pavilhão do Festival do Rio. Os principais executivos da indústria vêm ao Rio durante o evento, para encontrar novos parceiros de negócios e estabelecer co-produções com o cinema brasileiro. Além disso, têm a chance de fazer "networking" e conhecer mais de perto o Brasil, o 9º mercado audiovisual mundial. A Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2009, volta a se juntar aos grandes patrocinadores do Festival do Rio, juntamente com a Petrobras e a Oi.
Neste bom exemplar de filme-pedagógico, não só para alunos mas sobretudo para professores, Hilary Swank interpreta Erin Gruwell, conhecida como professora G pelos seus alunos da sala 203, de uma instituição de ensino médio em Long Bech, Estados Unidos. Já tivemos outras histórias parecidas, como a do clássico Ao Mestre, Com Carinho e no mais recente Mentes Perigosas, com a Michelle Pfeiffer. Mas Escritores da Liberdade oferece um sobressalto a mais ou um plot diferenciado, a palavra da moda. Talvez a interpretação da Hilary também possa ser esse algo diferenciado. A história aqui afeta mais por estar mais atualizada. Não é nada fácil trabalhar como professor numa escola pública de um bairro pobre, nem nos EUA nem em qualquer outro lugar. Não pela dificuldade de educar dentro da sala de aula, mas, sobretudo, pela complexidade de oferecer uma educação que deve antes de mais nada moldar culturalmente os indivíduos, equalizá-los socialmente, reciclar suas atitudes e, enfim, oferecê-los uma melhor opção de sobrevivência às vicissitudes do meio em que vivem.
Já na obra de Gus Van Sant, Gênio Indomável, que traz a ótima parceria Damon-Williams, vemos um cérebro inteligentemente blasé, mais propenso ao descanso e à boa vida do que aos desafios do mundo acadêmico, seduzir um ingênuo professor, que se enche de esperança ao acreditar que pode recuperar o errante gênio matemático, com passagens pela polícia e inúmeros casos mal resolvidos consigo mesmo. Por isso, ele desafia terapêutas, até render-se a um deles, com quem passa a se identificar. Mas os resultados não parecem incliná-lo à carreira profissional. Ele não está nem aí para o fato de ser um gênio.
Meu Mestre, Minha Vida não descarta a carga dramática de um cenário caoticamente social em que estão inseridos os alunos fora da escola. Agora estamos em Nova Jersey, numa escola com sérios problemas de violência e tráfico de drogas. Usando métodos pouco ortodoxos, algumas vezes violentos, o professor transforma os alunos, inclusive conseguindo que sejam aprovados no exame do final do ano realizado pelo governo estadual. Já o chinês Nenhum a Menos (ver resenha do filme em datas anteriores neste blog) fascina pelo primor com que o excelente diretor Zhou Yimou conta a história da professorinha que recebe a missão de cuidar de uma turma de alunos, de uma escola no interior da China, cujo maior desafio é não deixar com que ninguém abandone a sala de aula na ausência do professor titular. A situação precária do lugar, a falta de experiência em ensinar da professora e a pobreza campesina se tornam, enfim, ingredientes indispensáveis para fazer desse filme uma jóia rara do cinema, ao mostrar da forma mais simples que os seres humanos, em sua essência, oferecem as maiores lições de vida.
Por muito tempo a obra de Herzog acalorou discussões a respeito da prática social condicionada, o convívio social como construtor da identidade psicológica do homem, o conflito entre consciência e sociedade, além de infinitos paralelos com correntes filosóficas de grandes pensadores. Mesmo com o grande escopo filosófico que o filme apresenta é possível olhar além das imagens na tela para enxergarmos com maior abrangência a condição na qual estamos inseridos em sociedade: um repositório passivo de convicções e verdades pré-determinadas, as quais tendem a nos levar mais à inabilidade do pensamento livre do que à realização de qualquer tipo de gestação intelectual, com base nas nossas experiências pessoais.
Herzog sempre teve interesse em temas exóticos que flertam com reflexões de nível psicanalítico, religioso, anteropológico, poético etc. Em O Enigma de Kaspar Hauser, há uma espécie de ápice reflexivo que nos guia, através da observação externa, aos recônditos da experiência pessoal. O filme inevitavelmente suscita Nietszche ao flertar com o conceito sobre verdade e mentira no sentido de que, em sociedade, recebemos a influência da linguagem num histórico cultural no processo de formação da percepção da realidade. Isto é, a informação a qual somos submetidos desde muito cedo afeta a nossa capacidade de compreender os fenômenos da realidade. Antes mesmo de termos qualquer opinião formada sobre tais eventos, as verdades se tornam absolutas e nos chegam sob a forma da imposição.
No filme, isso fica claro numa das cenas em que religiosos tentam incutir em Kaspar Hauser a idéia de Deus, obrigando-o a acreditar na sua existência sem qualquer evidência que a torne plausível. "Deve admitir o mistério da fé sem procurar entender," disse-lhe um dos padres efusivamente. O personagem central resiste bravamente ao ataque dos clérigos e sai aparentemente ileso da conversa. De outro modo, ele teria sido "vítima" da limitação do pensamento e sucumbido diante da tentativa de buscar em si o significado da idéia em função de uma definição restrita.
A partir da idéia da formação do ser humano em sociedade, a questão se desdobra da seguinte forma: Kaspar Hauser sofria de um déficit intelectual para com a sociedade, uma vez que não teve ele a oportunidade de aprender sobre o mundo à sua volta pelas vias normais do ensino tradicional ? Ou a percepção natural da realidade se torna mais aguçada pelo fato de não sofrer limitação de pensamento, nem sacrificar o sentido dos conceitos adquiridos através da experiência pessoal ?
Em outra cena do filme, um professor testa sua inteligência com a seguinte pergunta: "imagine que há uma aldeia onde só existem pessoas que mentem e outra onde só existem pessoas que falam a verdade. Desta aldeia, sai uma estrada que leva a você. Chega um viajante e você quer saber se ele veio da aldeia onde falam a verdade ou da aldeia ondem mentem. Para resolver esse problema com lógica só há uma pergunta a fazer ao viajante. Qual é esta pergunta ?" O professor espera alguns minutos sem que Kaspar Hauser pronuncie uma palavra. Então ele mesmo resolve responder. A pergunta que teria que ser feita é "você vem da aldeia que mente ?" Segundo o professor, com a dupla negação da resposta, ele poderia forçar o viajante a dizer a verdade e revelar sua identidade, usando a mais fina lógica. Mas Kaspar Hauser teria uma outra pergunta, para espanto do professor, que imediatamente protesta, "segundo as leis da lógica não há outra pergunta." Mas Kaspar insiste. "Sim! Existe outra pergunta," afirma ele com convicção. "Eu lhe perguntaria se ele é uma rã. Aquele que afirmasse ser uma rã seria da aldeia que mente." Lamentavelmente o professor não aceita a lógica da vida. "Não posso admitir isso," diz ele. "Isso não é lógica; é dedução. Como professor de lógica e matemática, não posso aceitar a sua pergunta."
O Enigma de Kaspar Hauser conta a história de uma pessoa que, logo após o nascimento, foi mantido escondido em um celeiro, privado de qualquer contato com o mundo externo até completar 18 anos. Quando é retirado, não sabe falar nem andar, sendo assim impossibilitado de articular raciocínios, pois estes são feitos através da linguagem, mesmo que em pensamento, e de interagir fisicamente com o novo ambiente. É ensinado a andar, e a reproduzir um punhado de palavras cujo significado ignora. O filme mostra a reação da sociedade ao lidar com um indivíduo nesse estado, possibilitando vários níveis subjetivos de leitura sobre os fatos ocorridos durante o filme. A obra de Herzog é magistral no sentido de propor uma reflexão sobre as nossas próprias convicções e deixa uma inqueitante pergunta reverberando na nossa consciência. Se pudéssemos retirar da nossa mente tudo que aceitamos como verdade até hoje, sobraria alguma idéia original das nossas experiências pessoais ?
O drama da sobrevivência expõe a fraqueza do ser humano diante de um sistema irreversivelmente cruel, mais propenso a exterminar as suas próprias aberrações do que assumí-las e reeducá-las. O cineasta francês Gaspar Noé entende do assunto e nos oferece essa pequena amostra de cinema sério e maduro, que não apenas visa revelar o lado sórdido da violência humana, mas denunciar as razões que a reproduz. Após o filme, uma longa reflexão: nada me parece mais sensato do que pensar a paz como produto da compreensão da violência. Assim, descartamos a intolerância e chegamos de fato à pacificação íntima através de uma assistência reconciliatória.
Mas nada é fácil para o personagem central neste universo sórdido criado por Noé em Sozinho Contra Todos. O desemprego, a falta de oportunidades, a crise pessoal, a difícil relação com a filha, a solidão, os conflitos interpessoais, o fracasso conjugal, a falência recorrente da família. Isto é, o personagem central inverte sua evolução numa seqüência de fracassos pessoais desnorteadores de qualquer direção construtiva de vida. E o que parece mais assustador é saber o quanto tais fatos atormentam muitos nos dias de hoje. O filme está bem mais próximo da realidade do que podemos supor e ilustra um sistema social elitista, seletivo, competitivo e discriminador na luta tanto pelo poder quanto pela sobrevivência. É aqui que retomamos a questão da paz. Pode haver paz sensata num sistema social de desigualdades e injustiças sociais ? Na medidade em que a paz designa um estado de espírito isento de ira, desconfiança e de um modo geral surge destituído de todos os sentimentos negativos, a paz é um princípio de ordem pessoal, que, sem a compreensão da violência, não existe de fato.
Compreender a violência não é ser condescendente com ela, mas uma maneira de contê-la, com um olhar sério e investigativo nas raízes sociais que a produzem: desigualdade, exclusão, falta de oportunidades no mercado de trabalho, falência familiar, racismo, discriminação, ausência de escola e formação profissional etc. A violência não surge apenas como conseqüência de índoles patológicas, mas também como alternativa de sobrevivência, sobretudo se olhamos as populações de jovens das favelas e a busca de meio de vida no tráfico. Em Sozinho Contra Todos vemos um homem, ex-açougueiro, repleto de desqualidades (violento, racista, xenofóbico, homofóbico etc.), que cumpriu pena recentemente pela morte de um suposto estuprador da filha e que agora luta pela sobrevivência tentando conseguir um emprego. Sua luta por uma recolocação social esbarra numa esposa controladora, que detém o poder do dinheiro na casa, e histérica de ciúmes, além de ter pela frente uma recessão e as vicissitudes de suas próprias desqualidades. Tudo isso, aos poucos, vai levando-o ao declínio total. Gaspar Noé acompanha esse declínio passo a passo e mesmo com toda a agressividade que seu filme mostra é possível vislumbrar as razões pelas quais os limites humanos, quando ultrapassados, instigam o lado primitivo da consciência, estimulando as índoles mais patologicamente comprometidas.
Com esta pergunta surgiu a idéia do documentário Homo Sapiens Parapsychicus, uma obra engajada em mostrar que o parapsiquismo, isto é, a comunicação entre as dimensões intra e extrafísica, é muito mais comum do que podemos imaginar. Cabe apenas ao ser humano compreender a sua própria parafisiologia e conhecer suas faculdades paranormais, tendo a quebra de tabús e a desmistificação do processo parapsíquico como os principais obstáculos a serem vencidos.
Antes mesmo de entender a natureza parapsíquica do ser humano, é preciso conhecer a constituição energética do universo em que vivemos. Para isso, recomendo o filme "Quem Somos Nós." O entendimento da realidade energética, em meio a qual nossas ações se desenvolvem, é um passo fundamental para entender que a comunicação entre as realidades física e extrafísica não diz respeito apenas aos ditos seres paranormais ou faz parte tão somente das habilidades exploradas pelas correntes místicas dogmáticas.
Embora pareça transceder a base de conhecimento estabelecida pela ciência convencional, o fenômeno parasíquico é uma faculdade natural, comum a todos e faz parte da parafisiologia humana. Ainda que extremamente controvertidos, os fenômenos parapsíquicos têm sido extensamente relatados pelos mais diversos povos e culturas ao longo da história. Segundo a opinião média da comunidade científica, a existência de tais fenômenos não foi comprovada por nenhum experimento rigorosamente controlado e passível de reverificação. De igual modo, a inexistência dos fenômenos parapsíquicos também não foi comprovada por quaisquer meios (Wikipedia). São exemplos de fenômenos parapsíquicos: telepatia, telecinésia, clarividência, premonição (precognição), retrocognição, materialização, experiência fora do corpo, psicofonia, psicografia, catalepsia projetiva entre muitos outros.
Durante as primeiras pesquisas realizadas com aproximadamente 90 pessoas de procedências, classes, faixas etárias e níveis de educação os mais variados possíveis, percebi que o resultado de 83% de confirmação da experiência paranormal mostrava sinal de que o documentário ganhava definitivamente uma boa razão para ser produzido. Entre os que disseram nunca terem tido qualquer vivência paranormal, uma parte afirmou que conheciam alguém que já havia experimentado alguma experiência parapsíquica (amigos, parentes próximos ou distantes), restando aos 100% céticos um percentual significantemente minoritário. Como professor, a pesquisa foi realizada com meus alunos, no escopo de complexidade de tipos já mencionado acima, e encontra-se hoje ainda em andamento.
O documentário pretende apresentar uma compilação de entrevistas não apenas com transeuntes nas ruas do Rio de Janeiro, mas também com pesquisadores em bioenergias, psicólogos, psiquiatras, assim como com pessoas comuns, alunos e amigos, interessados no tema, que se disponibilizaram para gravar entrevistas narrando seus casos. Considero "pessoas comuns" aquelas que não têm reconhecidamente experiências freqüentes na comunicação parapsíquica e que não são consideradas paranormais. O trabalho tem como objetivo justamente analisar o parapsiquismo na vivência diária, fora do eixo das experiências daqueles considerados paranormais, com enfoque no pressuposto de que o ser humano é parasíquico por natureza e que os eventos paranormais não trazem (ou pelo menos não devem trazer) qualquer classificação mística, religiosa, esotérica ou sobrenatural.
Aqueles que podem contribuir com suas experiências pessoas para o conteúdo deste documentário podem lançar aqui seu comentário ou enviar e-mails diretamente para mim: marioluizdesa@yahoo.com.br
Muitos filmes falam do processo educativo escolar, retratam a realidade das salas de aula, o papel socializador das escolas e a função do professor, reunindo um rico escopo de informação e experiências da realidade pedagógica que em muito pode servir como referência a docentes e dicentes. Nesta série de três volumes, recomendo alguns títulos.
"Coach Carter" conta a história real e inspiradora de um treinador que decide mostrar os diversos aspectos dos valores de uma vida ao suspender seu time campeão por causa do desempenho acadêmico dos atletas. Assim, Ken Carter recebe elogios e críticas, além de muita pressão para levar o time de volta às quadras. É então que ele deve superar os obstáculos de seu ambiente e mostrar aos jovens um futuro que vai além das gangues, das prisões e até mesmo do basquete.
"Eu sou um mendigo. Mas… Eu sou um mendigo em Harvard", diz Simon Wilder, que vive pelos seus próprios recursos naquele campus. Lá ele encontra o veterano Monty Kessler (Brendan Fraser), que não teria nada a ver com o sem teto se não fosse por uma coisa: Simon tem a única cópia de tese final de Monty! Ele a devolverá por comida, um lugar para ficar e mais: uma página - por um favor - por vez. Uma nova vida está começnaod para Monty e seus colegas de dormitório (Moira Kelly, Patrick Dempsey, Josh Hamilton). Eles estão prestes a aprender que se você quer uma graduação, vá para Harvard. Se você quer aprender algo sobre a vida, veja "Com Mérito."
"Ana e O Rei" se passa em 1862. Anna Owens é uma jovem viúva inglesa que, tendo um filho para criar, aceita trabalhar como professora das crianças da família real do Sião. Quando chega a Bangcoc o choque cultural é imediato. Aos poucos ela obtém o respeito do rei, se tornando sua confidente e conselheira diplomática.
O objetivo deste trabalho é analisar as ações pedagógicas, sociais e culturais no filme "Conrack," produzido em 1974 com direção de Martin Ritt. A análise será feita com foco em três personagens principais, que são: Pat Conroy (o professor, representado por Jon Voight), Sra. Scott (a diretora, representada por Madge Sinclair) e Sr. Skeffington (o superintendente, representado por Hume Cronyn). Além disso, também será feita uma abordagem em relação aos alunos da escola.
Pat Conray é um professor branco que passou boa parte de sua vida como racista. Tem a oportunidade de redimir-se, ensinando crianças negras em uma ilha em que essa raça é a predominante. Em sua primeira aula, depara-se com alunos que não sabem absolutamente nada, que desenvolveram sua própria linguagem e cujos recursos pedagógicos utilizados até então eram baseados em castigos físicos e psicológicos.
"Duelo de Titãs" mostra um destes temas já tantas vezes visto no cinema: refere-se à luta racial entre brancos e afro-americanos, comum em estados mais conservadores dos Estados Unidos. A produção da Disney não traz novidades, mas comove o espectador, principalmente por tratar-se de uma história verídica, ocorrida no estado da Virgínia. O filme se passa na cidade de Alexandria, em 1971. O futebol americano colegial era tudo para o povo da cidade. Quando a diretora da escola local é forçada a integrar um time de uma escola de afro-americanos com um time de uma escola de brancos, a tradição do futebol sofre com ameaças de preconceito e racismo. Os dois treinadores não só transformam um grupo de garotos raivosos e desconhecidos em um time dinâmico e vencedor, como também os tornam homens dedicados e responsáveis, mudabndo o paradigma vigente. É a união que faz com que a cidade deixe d elado o preconceito e a intolerância, levando o time ao triunfo.
A idéia de ver espíritos ainda é vista por um prisma fantasmagórico e atormentador, e não é para menos. Educados em bases religiosas, alvejados por filmes de terror engajados em assombrar e atormentados pelo medo de almas penadas e monstros embaixo da nossa cama, não dá para simplesmente girar um botão da nossa mente e deixar todos esses imaginários de pesadelo para trás. De um simples contar de histórias mal assombradas entre amigos tarde da noite até assistir grandes produções do cinema americano, a cultura do medo do além nos afasta da compreensão do lugar onde viemos e para onde vamos e nos isola em apenas um lado da realidade em que vivemos. O filme dos irmãos Pang fala sobre Clarividência - a habilidade de ver o que há em outras dimensões conscienciais - de maneira lógica e coerente, com um roteiro limpo e uma direção sóbria, sem deixar nada fora do lugar. O tipo de filme o qual pode perfeitamente nos mostrar as implicações intrafísicas das relações multidimensionais. Olhe para a capa do filme sem preconceitos e se dê o benefício da dúvida. Go ahead!
Que coragem para ver espíritos pode sobreviver à uma educação religiosa de inferno, pecados, almas penadas, demônios, castigos, purgatório, satanás, e também aos filmes de terror sobre fantasmas sanguinolentos, monstros, assombrações, visões do além, ocultismos os mais variados, pesadelos alucinatórios e torturas macabras ? A lista de geradores do medo pode ser bem maior se incluirmos os fatores psicológicos criados pelo preconceito, que os paranormais enfrentam ao serem considerados "estranhos" e não raramente "mentirosos," "fantasiosos" e "alucinados." O medo coletivo do mundo intangível permanece retroalimentado através de uma cultura religiosa-materialista-histórica difícil de se lidar na contramão, sem uma boa dose de convicção íntima sobre a própria experiência, autoconhecimento e coragem para evoluir.
Mas o que é a clarividência, que todos os seres humanos possuem em algum nível, e sobre a qual nos sentimos vulneráveis e passíveis, quando não controlada ? O dom, como muitos preferem considerar, é, na verdade, uma faculdade humana parapsíquica, que habilita ou condiciona a percepção visual do ambiente multidimensional ou dimensão energética. Ou seja, a clarividência é a percepção da realidade num nível mais amplo e complexo, que ocorre mais frequentemente aos mais condicionados a ver através dos para-olhos. Isto porque os olhos humanos não possuem constituição adaptável à captação de imagens em níveis muito sutís, energéticos, não materiais. Os para-olhos são os nossos olhos extrafísicos, olhos do popularmente conhecido espírito, através dos quais enxergaremos após a morte física. Portanto, para vermos com os nossos para-olhos é preciso uma minidescoincidência dos nossos veículos de manifestação, um leve desprendimento da fisicalidade, que geralmente ocorre quando estamos relaxados, em meditação ou em transe, como os espíritas costumam chamar. A visão humana dos olhos conecta-se a dos para-olhos por meio de uma descoincidência natural e pontual, captando a imagem extrafísica.
Se estamos ou não preparados para uma comunicação interdimensional efetiva e freqüente só nosso condicionamento físico pode responder. A preparação mental-emocional para a visualização de imagens extrafísicas pode ser analisada através da forma como captamos e lidamos com as imagens intrafísicas. Isto é, a maneira como eu lido com a realidade material irá mostrar o meu preparo (ou despreparo) para lidar com as imagens da realidade espiritual. Não somos duas pessoas completamente diferentes em dimensões distintas. Nossos sistemas psico-emocionais íntimos são únicos e transparentes em algum nível . O mais importante, entretanto, na clarividência não reside naquilo que podemos ver, mas no que podemos fazer com o que vemos, ou seja, na forma como interpetamos a imagem e lidamos com ela mostrará se o contato foi ou não interessante e assistencial para as consciências envolvidas. Nesse aspecto, The Eye - A Herança nos mostra uma história coerente e lógica, contada de forma orgânica pelos irmão Pang. Lúcidos para o processo multidimensional, eles não estão apenas interessados em assustar. A realidade em si já possui elementos interessantes e intrigantes o suficiente para tomarmos susto com ela. Qualquer coisa além disso fica apelativo. The Eye - A Herança é um filme sobre clarividência na medida certa, onde tudo na tela é de fato possível (apesar de inacreditável).
Em muitas discussões sobre doação de órgãos e cremações ouvimos que o desejo para tais procedimentos post mortem deve ser do doador, ainda em vida, expressado em documento assinado por ele. Isso irá, sobretudo, ajudar a consciência recém dessomada, ou falecida, a não ter vínculo materialista patológico com o próprio corpo. Essa consciência deve estar preparada para a doação. Isso significa ver seus órgãos em uma outra pessoa ou entender que o corpo em processo de cremação foi apenas o invólucro físico o qual ela utilizou em vida e que, a partir da sua morte física, não mais lhe servirá e pertencerá a uma outra pessoa. Quando não há esse entendimento, baseado numa formação espiritual, é comum haver casos de assédio do doador aquele a quem seus órgãos foram doados (por mais incrível que isso pareça). Em The Eye - A Herança esse problema é produzido pelo suicídio da doadora.
O filme conta a história de uma garota cega desde os dois anos de idade, que recebe um transplante de córnea. Contudo, além da visão das pessoas comuns, ela também herda o dom da clarividência. Mas essa habilidade não lhe cai bem. Embora demonstre uma certa maturidade oriental na questão espiritual, ela sofre com o processo e parte em busca de solução, ou cura. Burlando a ética médica, ela recebe o endereço do doador - uma adolescente tailandesa - e descobre então a razão dos seus tormentos. Os irmãos Danny e Oxide Pang possuem talento para o drama-suspense e merecem uma referência especial no gênenro por terem feito um filme com coerência e lucidez para os processos espirituais, evitando a natural inclinação para o susto gratuito.