Bem-vindos ao Cinema & Consciência, um novo espaço para a difusão e a discussão do cinema brasileiro e internacional. Vamos falar de filmes ou documentários, discutir ética e estética do cinema, com enfoque nas pessoas, nos temas e nos fatos. Os comentários dos visitantes serão sempre bem-vindos.

Todos os textos neste blog são de autoria de Mário Luna, salvo aqueles em que a fonte for mencionada.
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quarta-feira, 10 de março de 2010

Série Entrevistas - Volume 3: Ingmar Bergman


Entrevistas com o diretor sueco, Ingmar Bergman, para a BBC inglesa.


PARTE 1



PARTE 2



PARTE 3



PARTE 4



PARTE 5



PARTE 6

terça-feira, 9 de março de 2010

A Imprevisibilidade Previsível do Oscar

No hace falta posts sobre os ganhadors do Oscar, porque essa notícia muitos já devem ter recebido de diversas fontes na web. A mais interessante e amplamente discutida no pré e pós evento, no entanto, está no blog O Cinemtógrafo http://o-cinematografo.blogspot.com/. Mas vale a pena algumas linhas sobre a festa da Academia de Holywood, que, de tão imprevisível, se tornou previsível.

Desde a ausência de 2012, um filme que chegou arrebatando platéias e lotando cinemas já na primeira semana, com orçamento milionário e show pirotécnico de efeitos especiais, eu já previa um ano de muitas surpresas. Mas ver o trabalho multimilionário de James Cameron (vide Titanic) e recordista de bilheteria de todos os tempos Avatar perder para Guerra ao Terror, com modesto orçamento e uma diretora que podemos perguntar sem medo, "quem é ela ?" foi além das expectativas em torno das surpresas. Que Jeff Bridges passou ao largo em praticamente tudo que fez até hoje e Sandra Bullock é a queridinha da América não é surpresa. Ok. Eles parecem ter realizado o grande trabalho da vida deles no ano passado - não vi suas atuações. Mas é igualemte surpreendente ver uma ex-campeã das listas dos piores do ano ganhar de Helen Mirren e Merryl Streap, além da estreante de Precious, Gabourey Sidibe, cuja mãe, pasmem, recusou o papel de ser a mãe da própria filha no drama e seguiu tocando e cantando nas estações de metro de Nova Iorque, onde ela ganha um Oscar todos os dias.

O ponto alto da noite ficou por conta do documentário vencedor. The Cove chacoalhou os discretos japoneses e causou rebuliço na população afetada pelas imagens de suas práticas nada ecológicas - porque não dizer nada humanas. Depois do prêmio, os japoneses enlouqueceram, protestaram, se defenderam e proibiram a exibição do filme no Japão (terá sido isso mesmo ?). Foi como se eles dissessem ao mundo, "vocês não têm o direito de vir aqui e ver como somos desumanos." Por lá, parece que matar golfinhos é uma prática de fundo cultural, típica, quase um cartão postal da região. Nesse ponto, paramos e perguntamos: como o ser humano se acostuma à maldade e a transforma em idílicos culturais ? ou mesmo, como julgamos ter direito de sermos perversos ? Bem, se na Arábia se decapita a espadas em praça pública, nos Estados Unidos se pune presos, a maioria negros, com injeções letais, na China quase 10.000 chineses são condenados a morrer todos os anos com uma bala paga pela própria família, alguns deles por conta de cheques sem fundos, porque no Japão não se pode matar golfinhos culturalmente ? Mas o mundo legal (leia-se, das leis) garante, "você pode matar à vontade, desde que tenha uma boa razão para isso e esteja dentro da lei." Parem esse mundo que eu quero descer ! Hey, antes de descer assista The Cove !

sábado, 6 de março de 2010

Neste Mundo Humanamente Frágil

No campo de refugiados de Shamshatoo, localizado na cidade de Baxery no Paquistão, viviam 53 mil refugiados afegãos em 2002, época em que o diretor inglês Michael Winterbottom filmou Neste Mundo. Fugidos primeiramente da invasão soviética em 1979, e depois dos bombardeios americanos em 2001, a população afegã refugiada passou a viver em condições precárias e de pobreza extrema, situação que perdura até hoje.

Muitas crianças nasceram no campo e algumas delas trabalham por menos de 1 dólar por dia, como é o caso do protagonista do filme, Jamal. Em Shamshatoo falta dinheiro, educação, saúde e a comida é racionada. A ração diária da população é de 480g de farinha de trigo, 25g de óleo vegetal e 60g de sementes. Cada família recebe uma tenda, uma capa plástica, três cobertores e um fogão. Os gastos com refugiados ficam muito aquém dos 7,9 bilhões de dólares detonados nos bombardeios americanos, que começaram em 7 de outubro de 2001 sob o pretexto de procurar Osama Bin Laden ou derrubar Saddam Hussein - bem, ambos os motivos são válidos. A ONU afirma que não tem verba suficiente. "Nosso orçamento estimado para lidar com o problema dos refugiados nesses primeiros meses é de pelo menos US$ 50 milhões, e temos pouco mais de 30% dessa quantia", afirmara Peter Kessler, 39, porta-voz da organização no Paquistão, no começo do confltio.

O cenário em Shamshatoo é o de uma favela em más condições. Casas de pau-a-pique e mesquitas recém-construídas disputam o pouco espaço do lugar. Boa parte do campo só tem barracas de lona desordenadas, onde é comum ver crianças pedindo comida ou qualquer outra coisa. Nas 21 escolas existentes não há condições de ensino para os professores nem de estudo para os alunos. "Aqui, quando falta giz, a gente dá aula escrevendo no chão", afirma Saeed Mahboab, 45. "Cerca de 90% dos alunos são órfãos de pai." Cada barraca funciona como uma sala de aula. Espremidas em pouco mais de 15 m2, as crianças têm aulas de disciplinas como matemática e religião.

No aspecto político, a situação não fica nem um pouco melhor. Em Shamshatoo, a ONU, o Taleban, ONGs missionárias e organizações extremistas islâmicas dividem espaço sob olhares de desconfiança e ódio mesmo. A falta de recursos gera conflitos e preconceitos dos paquistaneses contra os afegãos. Segundo a ONU, há 203 campos de refugiados no país que não têm estrutura para funcionar de maneira humanamente aceitável. Os afegãos são acusados de causar desemprego e há um clima de animosidade generalizada na região. Kessler, que esteve em campos de refugiados em Ruanda, Congo, Kosovo e Bósnia, faz um diagnóstico pessimista. "Este é o pior acampamento em que já trabalhei. Em Ruanda, a miséria era imensa, mas havia solidariedade, os vizinhos tentavam ajudar. Aqui, há ódio."

Na saúde, "as condições (também) são ruins," como afirma o médico e refugiado Ahmad Karimi, 32, que trabalha em um dos postos de saúde. "Doenças como cólera, febre tifóide e leishmaniose são comuns." A temperatura na região chega facilmente a 50°C no verão. Dentro das barracas atinge 60°C, fazendo com que não apenas haja mais proliferação de doenças como um enfraquecimento físico da população para combatê-las.

Nesse cenário de pesadelo, muitos não resistem e morrem. Outras centenas tentam fugir no desespero e encontram a morte um pouco mais além, nas estradas da fronteira, minadas por contrabandistas de gente, policiais corruptos e grupos de combatentes de ambos os lados da guerra, armados até os dentes. Só no último mês, cerca de 60 mil afegãos cruzaram a fronteira paquistanesa, engordando o contingente de mais de 2 milhões que fugiram desde a invasão soviética. Vivendo de subempregos nas grandes cidades, não são poucos os que partem para a mendicância ou para atividades ilícitas, como o contrabando e o tráfico de drogas. A ONU calcula que só o conflito com os EUA produziu um contigente de mais de 1 milhão de fugitivos afegãos.

O número de vítimas de uma guerra é significativamente maior do que aqueles que dão conta dos mortos em combate. Embora possam existir argumentos psicológicos, políticos, históricos e culturais para a deflagração de uma guerra, o que ela representa é, na verdade, uma extorsão humana. Em benefício de uma irrisória minoria criam-se os custos incomensuráveis de uma maioria incólume: a população civil. Aquele que busca a informação apenas nas reportagens dos meios de comunicação, certamente, não sabe que durante os três primeiros meses da guerra americana no Afeganistão, o número de mortos na população civil ultrapassou 3.700 (vítimas). Um número maior do que o de mortos no ataque de 11 de setembro, em Nova Iorque.

Se somarmos o risco do combate propriamente dito aos riscos colaterais causados por ele, podemos considerar aqui as minas terrestres, a destruição dos sistemas hídricos e de esgoto, as bombas cluster e as cápsulas de urânio como fatores exponenciais de destruição humana, alargando seguramente o número de mortos na população civil. Acrescentando-se, claro, os mortos da retaliação, por conta dos efeitos em cadeia na teia internacional do conflito, uma espiral tão ensandecida e incoerente de crimes contra a humanidade que o combate ao terror é o verdadeiro e mais temido terror.

Para esse universo apocalíptico, Michael Winterbottom levou seis pessoas na sua equipe, encontrou localmente seus atores, todos amadores, e construiu, quase artesanalmente, uma obra consistente, comovente e chocante. No estilo documental, isto é, uma camera na mão, alguma granulação na imagem em certos momentos, narrativa em off e diálogos improvisados de acordo com a ocasião, Winterbottom nos mostra a saga de dois primos que decidem tentar a vida em Londres, literalmente fugindo de Shamshatoo.

O filme retrata a tentativa desesperada de muitos refugiados de buscar uma vida melhor muito longe da guerra e o papel do sonho nessa decisão arriscada, como combustível vital para a dura, incerta e não raramente inútil jornada. No trajeto até Londres não faltam obstáculos, policiais corruptos, contrabandistas de fronteira, aproveitadores e criminosos. Numa viagem imprevisível e quase suicida, os dois partem cheios de esperanças e com uma ingenuidade lamentável na bagagem.

Neste Mundo é um road movie que deixa a paisagem das estradas de pano de fundo para mostrar não só os exageros inevitáveis da vida, para quem vive num universo de condições extremamente precárias, mas sobretudo a intolerância humana e o desprezo das potências políticas com relação ao mundo pobre. O filme ganhou o Urso de Ouro do Festival de Berlim em 2003, assim como outros prêmios europeus importantes.



quinta-feira, 4 de março de 2010

Tributo às Grandes Atrizes

Em mais uma grande montagem de Philip Scott Johnson, desta vez, um tributo às grandes atrizes. Um trabalho comovente e um time espectacular.

Mary Pickford, Lillian Gish, Gloria Swanson, Marlene Dietrich, Norma Shearer, Ruth Chatterton, Jean Harlow, Katharine Hepburn, Carole Lombard, Bette Davis, Greta Garbo, Barbara Stanwyck, Vivien Leigh, Greer Garson, Hedy Lamarr, Rita Hayworth, Gene Tierney, Olivia de Havilland, Ingrid Bergman, Joan Crawford, Ginger Rogers, Loretta Young, Deborah Kerr, Judy Garland, Anne Baxter, Lauren Bacall, Susan Hayward, Ava Gardner, Marilyn Monroe, Grace Kelly, Lana Turner, Elizabeth Taylor, Kim Novak, Audrey Hepburn, Dorothy Dandridge, Shirley MacLaine, Natalie Wood, Rita Moreno, Janet Leigh, Brigitte Bardot, Sophia Loren, Ann Margret, Julie Andrews, Raquel Welch, Tuesday Weld, Jane Fonda, Julie Christie, Faye Dunaway, Catherine Deneuve, Jacqueline Bisset, Candice Bergen, Isabella Rossellini, Diane Keaton, Goldie Hawn, Meryl Streep, Susan Sarandon, Jessica Lange, Michelle Pfeiffer, Sigourney Weaver, Kathleen Turner, Holly Hunter, Jodie Foster, Angela Bassett, Demi Moore, Sharon Stone, Meg Ryan, Julia Roberts, Salma Hayek, Sandra Bullock, Julianne Moore, Diane Lane, Nicole Kidman, Catherine Zeta-Jones, Angelina Jolie, Charlize Theron, Reese Witherspoon, Halle Berry

Music: Bach's Prelude from Suite for Solo Cello No. 1 in G Major, BWV 1007 performed by Yo-Yo Ma