Bem-vindos ao Cinema & Consciência, um novo espaço para a difusão e a discussão do cinema brasileiro e internacional. Vamos falar de filmes ou documentários, discutir ética e estética do cinema, com enfoque nas pessoas, nos temas e nos fatos. Os comentários dos visitantes serão sempre bem-vindos.

Todos os textos neste blog são de autoria de Mário Luna, salvo aqueles em que a fonte for mencionada.
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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Linguagem, Imagem & Ação

O Ilusionista, filme do diretor holandês, Jos Stelling, produzido em 1984, permanece um clássico cult 26 anos depois do seu lançamento, e, por isso, ganha uma nova edição nacional pela Cult Classics, uma coleção para os amantes do cinema fora dos circuitos comerciais. O filme, uma analogia à história de Caim e Abel e fundamentado em teorias freudianas, com boas pitadas de humor, mas sem desprezar o drama, conta a história de dois irmãos, que vivem em uma região pacata da Holanda. Um deles sonha com as luzes da ribalta e com a possibilidade de ser um showman. O outro, deficiente mental, vive imerso numa rotina tranquila em seu restrito mundo, sem qualquer ambição maior do que desfrutar da vida na medida em que ela acontece.

Vencedor do prêmio do Público da 9ª Mostra de Cinema de São Paulo, O Ilusionista é um desses filmes que devemos rever de vez em quando, pois a cada observação tiramos mais das imagens de Stelling, um dirtetor que se diz influenciado pelo cristianismo e que privilegia a imagem acima de todas as coisas. Além disso, o filme não tem diálogos. Apenas sons ambientes, de vozes disformes, grunhidos etc. Depois de revê-lo algumas vezes, continuo achando, quase 20 anos depois de vê-lo pela primeira vez, que esta obra não precisa de diálogos. O trabalho de imagens é de tal forma sinalético e bem apresentado que, qualquer tentativa de explicar o que acontece na tela por meio de palavras, tiraria toda a carga dramática dos sigmas os quais norteiam as cenas.

Encontramos salmos bíblicos em placas de ônibus, mensagens subliminares nos cenários, objetos com significados figurados, um outdoor cujo anúncio narra os sentimentos do personagem, linguagens corporais eficientes, gestos e expressões que nenhuma palavra poderia substituí-los de modo a representar melhor e mais fielmente o andamento da história. Cada cena é precisamente medida e explorada através da linguagem não-verbal, uma aula de comunicação universal. O Ilusionista é o que costumo chamar de cinema, mas do que um filme - fazer cinema vai muito além do que simplesmente contar uma história. E nisso o holandês Jos Stelling é um mestre.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Em Busca do Ser Humano Perfeito

Segundo o dicionário Aurélio, por Eugenia entende-se a ciência que estuda as condições mais propícias à reprodução e melhoramento da raça humana. Embora o termo possa implicar o uso da manipulação genética em tempos de clonagem, o diretor sueco Peter Cohen enfoca aqui um problema muito maior: a eugenia negativa para fins de limpeza racial, ocorrida no começo do Século XX, na Europa e nos Estados Unidos. A Eugenia pode também ser definida como uma direção manipulável da evolução humana, largamente usada por nazistas, fascistas e stanlinistas, antes e durante a Segunda Grande Guerra.


Com um texto muito bem escrito, e muitas vezes assustador, o diretor varre os anos em que a Eugenia se tornou, digamos assim, moda, época em que, na Europa e nos Estados Unidos, cientistas racistas levaram a sério a idéia de uma limpeza racial e colocaram em prática esta ferramenta de manipulação da gênese humana. Mas a origem dessa ciência elitista data muito antes dela cair nas mãos de nazistas e fascistas. Começando no século 19, a Eugenia surgiu como uma filosofia social, baseada em métodos pseudo-científicos, a qual tentava aperfeiçoar a qualidade da hereditariedade humana de maneira que a produção de uma raça superior humana pudesser ser controlada. Estava, portanto, lançada a febre da boa procriação.

O aperfeiçoamento da raça humana pode ser considerado um dos ícones da visão Utópica desde tempos helênicos. A seleção (nada natural) de genes e controle (manipulativo) da produção humana é um ideal que nos chega oriundo dos tempos de Platão, que acreditava que a reprodução humana deveria ser controlada pelas autoridades. Ele mesmo propôs que tal seleção deveria funcionar como uma espécie de "falsa loteria, manipulada pelo governo," de maneira que os sentimentos das pessoas não fosse atingido com a consciência dos princípios da prática seletiva. Outro sinal da Eugenia em tempos mais remotos é a prática mitológica de Esparta, que consistia em largar os bêbês de saúde fraca fora dos limites da cidade para que morressem no abandono.

Mas foi o trabalho de Francis Galton, nas décadas de 1860 e 1870, que sistematizou a idéia e a prática da Eugenia em tempos mais atuais, através do seu "novo conhecimento a respeito da evolução do homem e dos animais," baseada na teoria de seu primo famoso, Charles Darwin. O conceito de seleção natural de Darwin encantou Galton e o cientista interpretou a idéia como um método potencialmente realizável de melhoria da raça humana, o que corroborava com a prática atemporal das sociedades de privilegiar os dotados de inteligência e desprezar as classes intelectualmente prejudicadas. Ela tinha intrinsecamente o caráter de extinguir aqueles intelectualmente (e fisicamente) fracos. Não demorou para que Galton tivesse a adesão de outros darwinistas, que logo começaram a trabalhar a idéia de que os fortes não deveriam ajudar os fracos. Eles não só acreditavam na evitação passiva da assistência, como na tomada de medidas ativas que defendessem a seleção natural por meio da hereditariedade intelectual - eles acreditavam que inteligência se herdava. Assim, segundo ele, "as sociedades ficariam livres da mediocridade."

Na prática, a Eugenia ganhou apoio político e social e duas (ou três) classes operacionais: a primeira, considerada positiva, selecionava aqueles humanos "adequados" para se reproduzirem com mais frequência; a segunda, considerada negativa, proíbia aqueles humanos "desadequados" de se reproduzirem por meio da esterilização. A terceira classe, a qual também incluo aqui, é a da engenharia genética, que surgiria mais tarde. Em 1900, o movimento eugênico teve uma recepção calorosa nos Estados Unidos. Na década de 30, a maioria dos estados americanos adotaram a política eugênica de esterilização de sua população considerada geneticamente fraca (os defeituosos, como eram chamados), apoiados pela decisão infame da Suprema Corte americana de tornar tal política constitucional.

A Eugenia não apenas defendia a procriação apenas dos nativos "adequados," como criou um movimento anti-imigração nos anos 1910 e 1920, a fim de evitar a miscigenação da raça, com o argumento de que negros e imigrantes eram inferiores aos nativos brancos em inteligência e condição física e moral. Em 1924, a lei de Restrição a Imigrantes foi aprovada, com os eugenistas ganhando papel central no debate congressista, como os especialistas no estudo de indivíduos indevidos na sociedade americana. A tal lei reforçou a proibição da miscigenação entre nativos brancos com imigrantes e negros e defendeu a todo custo a manutenção da seleção genética humana. Nessa época, a Eugenia era vista como o grande método científico e progressista da aplicação natural do conhecimento em favor da criação e controle da evolução humana. Antropólogos como Franz Boas e H. S. Jennings, que defendiam a pluricultura e a unificação das raças, com o argumento de que todas elas tinham o seu devido valor e importância, tentaram mostrar, por meio de estudos meticulosos, que os métodos eugênicos eram falhos e representavam uma farsa em suas pretensões. Mesmo assim, a moda pegou e parecia cada vez mais fortalecida.

É claro que a Eugenia não poderia deixar de ser um dos pratos principais do banquete nazista. Com a idéia da purificação da raça ariana, a corrente capitaneada por Adolf Hitler se tornou famosa por seus inimagináveis programas eugênicos, antes e durante a Segunda Grande Guerra. Talvez aqui, a Eugenia tenha ganho seu ápice de surrealidade. Com a bandeira da "higiene racial," os nazistas desenvolveram uma ampla sorte de experimentos com a vida humana, desde testes genéticos os mais variados até à medição de características físicas ideais, como os impiedosos e terríveis experimentos com gêmeos, liderados por Joseph Mengele nos campos de concentração. Em 1933, a Alemanha esterilizou todos os seus judeus e crianças alemãs miscigenadas. Nos anos 1930 e 1940, os nazistas extenderam a esterilização a todos os alemãs considerados mental e fisicamente "defeituosos," além de literalmente matarem centenas de doentes descapacitados por meio de um institucionalizado programa de eutanásia. O novo regime hitlerista implementou uma série de políticas eugênicas para promover a raça ariana pura, uma delas exigia que mulheres consideradas aptas a pertencerem a tal raça ariana, fossem emprenhadas por oficiais da SS. O mesmo regime selecionou, segregou e sistematicamente assassinou milhares de indivíduos que não atendiam às novas exigências raciais do país. O resultado final do programa alemão de Eugenia levou ao Holocausto, com um total de seis milhões de mortes.

O ponto de reflexão nisso tudo - para que esse texto não fique apenas numa base teórica - é identificarmos a herança do método eugênico que ainda nos afeta nos dias de hoje. Não apenas cientificamente, com a possibilidade da clonagem humana, ou socialmente, através da exclusão social, promovida por muitos governos, mas, sobretudo, individualmente, com o preconceito racial. A idéia da aceitação de uma raça "condizente" com a nossa e uma "tolerância" sublimiar à pluricultura norteiam de alguma forma as relações em sociedade.

No documentário, Cohen garimpa preciosos documentos de época que servem aos seus propósitos. Uma dessas cenas, feita por um cinegrafista anônimo, registra a feira de Paris, nos anos 30. Em outra aparece os pavilhões da Alemanha nazista e da União Soviética stalinista, um de frente para o outro. A bandeira com a suástica tremulava em frente das estátuas do homem e da mulher que elevavam bem alto os símbolos da higienização racial. O nazismo e o stalinismo são os principais alvos da crítica de Cohen, pelo uso negativo que fizeram da Eugenia. A obra do sueco Peter Cohen é fundamental para entendermos muitos dos nossos atuais pecadilhos sociais, históricos, raciais e políticos, a presunção humana, a origem do preconceito, entre outras muitas distorções no entendimento da evolução humana.


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Retrospectiva Espiritualista

O cinema tem, ao longo de já algum tempo, voltado suas lentes para a questão da espiritualidade. Numa perspectiva religiosa, superproduções como Ben-Hur, Os Dez Mandamentos, Jesus de Nazaré, Joana D'arc, Quo Vadis, Irmão Sol Irmão Lua, entre outros, pontuaram as listas dos mais vistos e revistos pela crítica. A partir dos anos 80, podemos dizer que as lentes deram então maior zoom em filmes sobre cultura e religião orientais, como O Pequeno Buda, Sete Anos no Tibet, Viver a Vida, A Balada de Narayama, Kundun, O Último Imperador, Samsara, só para mencionar alguns dos mais conhecidos. Depois de sobrevivermos, entretanto, a série aparentemente inesgotável de filmes com temática religiosa-satânica, como O Iluminado, O Exorcista (em incontáveis partes), (assim como foi) A Profecia, Coração Satânico, O Enviado etc., entre centenas de outros engajados em aterrorizar platéias, chegamos enfim à uma fase mais racional, coerente e cientificamente testada dos ghost movies, a partir, talvez, do sucesso de Ghost - Do Outro Lado da Vida. Particularmente acho esse filme, juntamente com Em Algum Lugar do Passado, os grandes divisores de água do cinema com temática espiritual. Foram depois de tais sucessos de bilheteria que uma grande safra de filmes espiritualistas deixaram a religião e seus demônios de
lado para mostrar um universo paralelo e paranormal sensato, coerente e, como disse, cientificamente comprovado.

Com o avanço, nos Estados Unidos, das pesquisas sobre Experiências Fora do Corpo (EFC) e Experiência de Quase Morte (EQM), além de um olhar mais profundo nos casos de fenômenos paranormais, como vemos, por exemplo, em vários seriados para a TV, como Ghost Whisperer, Supernatural, Ghost Hunters, Fringe, entre outros, o cinema tem produzido ótimos roteiros espiritualistas, com destaque para Os Outros, Além da Eternidade, Amor Além da Vida, O Orfanato, Passageiros, E Se Fosse Verdade, A Troca e Campo dos Sonhos - e certamente estou cometendo alguma injustiça nos destaques. Há também os sempre sensatos filmes asiáticos sobre o tema, como The Eye - A Herança, Espíritos, Dorm - O Espírito, Depois da Vida, e muitos outros.

Os 10 requisitos básicos do sistema (de produção) para se fazer um bom filme espiritualista são (1) não trazer monstros, vampiros, nem a já tão famigerada imagem do demônio na capa, contracapa ou encarte, se houver, (2) realizar
uma pesquisa séria e cientifica, baseada em estudos de casos, sobre o tema tratado, (3) não ter tão-somente a intenção de aterrorizar a platéia, (4) não fazer (o mal) uso da fantasia e da alucinação, (5) não misturar temas religiosos com fenomenológicos - por exemplo, anjos não cabem mais no papel dos amparadores extrafísicos, nem projeção astral deve vir no mesmo pacote do diabo, (6) apresentar histórias orgânicas coerentes, isto é, com começo, meio e fim e a lógica norteando todo o enredo, (7) não envolver religião, nem qualquer corrente filosófica, dogmática - como em filmes que suscitam pecado, pecadilhos e punições divinas, (8) não envolver mecanismos de manipulação, como símbolos e esteriótipos - como em roteiros que sugerem que todo parapsíquico é um cara esquisito, de poucos amigos e olhar endemoniado, (9) não misturar temas distintos como sonho e projeção, realidade e ficção, sanidade e loucura, pois isso deixa o espectador perdido, além de cético quanto à veracidade dos fatos do roteiro, e finalmente (10) não abusar do uso de gritos, rezas do além, gemidos, sussurros, vozes macabras incompreensíveis, pois ninguém aguenta mais esse tipo de coisa, e tão pouco do
uso do ectoplasma nas cenas de aparição - ainda se entende pouco deste vapor extrafísico e normalmente vemos o efeito da aparição sem qualquer critério de verossimilhança. A consciência extrafísica parece ter uma vida física independente e sobressalente, e não é bem assim o que está escrito nas leis da natureza.

Muitos já me perguntaram se eu não teria uma lista de filmes espiritualistas
para sugerir. Sempre respondi que tinha várias listas. E a dificuldade sempre foi a de justamente compilar uma única listagem, com heterocrítica na qualidade dos filmes e na classificação espiritualista (ghost movies). Uma preocupação constante ao criar uma única listagem de filmes espiritualistas é a de englobar filmes evangelistas e religiosos, como filmes sobre milagres ou com apelo demoníaco. Contudo, filtrar a qualidade dos fenômenos ao ponto de desconsiderar o da possessão pode ser uma decisão preconceituosa, de modo que decidi por incluí-los. Mas este não é, ou foi, o único dilema. Nas muitas listagens encontradas na internet e/ou enviadas por amigos há filmes que ainda não vi e, portanto, não tenho massa crítica para sugerí-los (ou não). Porém, em se tratando de listagens especializadas, muitas de sites espíritas, ou
enviadas por pessoas ligadas ou interessadas pelo tema, decidi por incluir esses filmes, pois as listas, assim como a exposta logo abaixo, servem como sugestão para mim... também.

Para o levantamento da lista abaixo não houve critério de escolha quanto ao estilo da obra. Há drama, comédia, aventura, policial, suspense, terror, religioso, documentário, programa exibido na televisão etc.
Os títulos em língua estrangeira indicam que a versão lançada no Brasil não foi encontrada até o momento - isso não que dizer que não tenham sido. As obras com continuação, como filmes com parte 1, 2, 3 etc. foram lançadas apenas no título (por exemplo Cocoon - evitando mencionar Cocoon 1, Cocoon 2 etc.). E muitos filmes possuem continuações, como Exorcista, A Profecia, Espíritos, entre outros. O mesmo critério foi adotado para remakes ocidentais de originais orientais, como é o caso de The Eye - A Herança, que teve versões feitas nos Estados Unidos. A exceção ficou por conta de " Imagens do Além," remake de "Espíritos," original japonês devido a qualidade da versão americana valer a pena ser assisitida, mesmo por aqueles que viram o original japonês.

Falando com os Mortos
Depois da Vida
A Casa dos Espíritos
As Cico Pessoas que Você Encontra no Céu
As Profecias De Nostradamus
À Espera de Um Milagre
A Sétima Profecia
Quando os Mortos Falam
Dorm, O Espírito
Danika
Energia Pura - Powder
Paixão Eterna
Afterwards
Book of Days
Os Outros
Joelma 23° Andar
Quando os Anjos Falam
A Reencarnação de Peter Proud
No Te Mueras Sin Dicerme Adonde Vas
Minha Vida na Outra Vida
O Peso da Água
Aparição
O Mistério da Libélula
Corpo Fechado
Passageiros
Fenômeno
Na Hora da Zona Morta
Visões
Imagens do Além
Um Olhar na Escuridão
A Árvore Dos Sonhos
Os Três Desejos
Visões do Além
Eternity - O Guerreiro do Tempo
Cidade dos Anjos
Em Busca Dos Anjos
Amor Além da Vida
Amor Maior Que A Vida
O Homem Especial
A Procura de Alguém
Agnes de Deus
Juro Por Deus
Linha Mortal
O Exorcista
Ecos do Além
Amazing Stories - Histórias Maravilhosas
Voltar a Morrer
Competição de Destinos
Salvo pela Luz
Destino em Dose Dupla
Efeito Borboleta
A Profecia
Minory Report
De Caso com o Acaso
Manika
O Bêbê de Rosemary
Distante para Sempre
Em Algum Lugar do Passado
Ghost - Do outro lado da vida
Ghost Writer - Com A Morte Não Se Brinca
O Céu Pode Ajudar - Heaven Can Help
Expresso para Katmandu
Campo dos Sonhos
Espíritos
Minhas Vidas - Shirley Mclaine
Morrendo para Viver
Dreamscape - Morte nos Sonhos
O Sexto Sentido
O Exorcismo de Emily Rose
Além da Eternidade
Experiências Fora do Corpo
Vida Além da Morte
Fernão Capelo Gaivota
Contato
School Spirit
Um Visto para o Céu
Atormentada
Vibes - Boas Vibrações
A Corrente do Bem
Um Anjo Rebelde
Byrd
Grand Cannion
Ressureição
Revelação
Stigmata
Vanilla Sky
Asas do Desejo
O Jardim da Meia-Noite
O Avião
Cartas de Amor
Um Espírito Baixou em Mim
A Troca
A Profecia dos Anjos
A Última Profecia
A Educação da Pequena Árvore
O Jogo dos Espíritos
The Eye - A Herança
Em Busca de Um Sonho
E Se Fosse Verdade
Out Of Body
Celta
O Chamado
Uma Mente Brilhante
Waking Life
Ponette
Os Órfãos
Paixões Paralelas
Reencarnação
Asas do Desejo
Bezerra de Menezes
O Grito
Duas Vidas
Morrendo e Aprendendo
O Orfanato
O Céu Pode Esperar
Lembranças de Outra Vida
O Dom da Premonição
Gladiador
Ecos do Além
Ilusões Pergiosas
Jogada Decisiva
A Chave Mestra
Um Sinal de Esperança
Cidade da Esperança
Alma Perdida
The Nines
Encontro Marcado
Os Olhos de Laura Mars
As Duas Vidas de Audrey Rose
O Encontro - The Gathering
Sem Medo de Viver
Alta Frequência
O Esconderijo
Os Dois Mundos de Jennie Logan
Espíritos - Believe
Tão Longe Tão Perto
Gritos do Além
Os Espíritos - The Frighteners
Segredos do Passado
Premonições
Um Espírito Atrás de Mim
A Visão - The Sight
O Fantasma de Lucy Keyes
Vivendo na Eternidade
Defending Your Life
Poder Além da Vida
Jogos Sinistros
Muito Além de Rangun
Os Inocentes
A Mão do Diabo
A Menina Santa
Luzes do Além
O Céu se Enganou
Oriundi
Protegida por um Anjo
O Jardim dos Esquecidos
A Espinha do Diabo
A Premonição
Conversando com Deus
Os Mensageiros
A Passagem
O Invisível
Um Conto de Natal
O Advogado do Diabo
Awake - Por um Fio
Evocando Espíritos
Cinco Dias Antes da Morte – Five
Os Anjos da Guarda
Os Fantasmas Se Divertem
O Violino Vermelho
O Terceiro Milagre
Joanna D'arc de Luc Besson
Papai Fantasma
Sem Limites para Sonhar
Distante para Sempre
Déjà Vu
Dona Flor e Seus Dois Maridos
Espíritos Inquietos
Assombração
Coisas Para se Fazer Quando Você Está Morto
Filha da Luz
Cocoon
O Pequeno Buda
Kundun
O Milagre Veio do Espaço
Final Fantasy
O Iluminado
Alguém Lá em Cima Gosta de Mim
A Morte Lhe Cai Bem
Alucinações do Passado
Dark Water
Navio Fantasma
Na Companhia do Medo
Mensagem do Além
O Enviado
Sete Anos no Tibet
Adorável Avarento
Poltergeist – O Fenômeno
Dogma
Feito no Céu
Antes que Termine o Dia
Já Nos Conhecemos
O Céu se Enganou
Silk - O Primeiro Espírito Capturado
As Brumas de Avalon
As Cartas de Chco Xavier e Outras Histórias
Eurípedes de Barsanulfo - Educador e Médium

INFOGRAFIA

http://www.consciencial.org/filmes.html
ttp://www.oconsolador.com.br/linkfixo/filmes/principal.html
ttp://www.illuminare.pro.br/filmes_espiritas_e_espiritualistas.htm
http://filmefantastico.blogspot.com/
http://pipocandoonline.blogspot.com/2008/07/filmes-espiritualistas-captulo-ii-os.html
http://forum.alemdosegredo.com/verTopico.php?id=1178
http://mediunidadelivre.spaceblog.com.br/248606/Filmes-tematicos-espiritualistas/

domingo, 15 de novembro de 2009

A Criação da Loucura

Uma família vive numa mansão no interior da Inglaterra.
O pai é um Lorde falido, que vive pressionado a vender a sua propriedade; a mãe está muito doente e passa os dias numa cama, dependendo de medicamentos e cuidados; o único filho sofre de deficiência mental e, como a mãe, vive a base de fortes medicamentos. O cenário para a trama do diretor Simon Rumley está criado, remontando em parte o seu drama pessoal: Simon perdeu o pai de ataque cardíaco e, pouco depois, a mãe, de cancer. Tendo ele mesmo vivido um pesadelo
familiar, numa época traumática da sua vida, escrever Distúrbio Fatal foi uma válvula de escape para seus fantasmas interiores. Originalmente, o filme fora idealizado para ser uma história surreal, pesadelíaca, além da imaginação. Mas Simon chegou ao produto final conservando os ingredientes originais para inserí-los numa realidade tangível: o inferno particular de uma família malfadada a doenças e à interprisão, num cenário de puro suspense e terror.

Quando o pai anuncia que fará uma viagem, o filho deficiente mental se vê na posição de "o homem da casa" para cuidar ele mesmo da mãe doente. Mas o pai rejeita a idéia e contrata uma enfermeira, que, mais tarde, não será aceita pelo adolescente. A impossibilidade de cuidar da mãe lhe trás culpa, rejeição, raiva, frustração e desamparo. Tentando ajudar a mãe, tudo que ele quer provar é que pode ser "o homem da casa" na ausência do pai, deixá-lo orgulhoso, ganhar definitivamente a sua confiança e ainda mostrar que sua doença não o torna um inválido, uma vez que, como tal, ele é tratado pela família. Quando enfim se vê sozinho na mansão, ele desdobra-se de atenção para cuidar da mãe acamada, mas, tendo ele abandonado seus próprios remédios, o seu estado clínico agrava-se cada vez mais, transformando a mansão em um cenário de puro terror e suspense.

O cenário narrativo mostra Distúrbio Fatal em duas partes distintas: na primeira, mais real e cotidiana, acompanhamos a agonia do filho adolescente e o calvário de sua mãe, dependente dos seus cuidados, depois que ele trancou todas as portas da mansão para que a enfermeira contratada pelo pai não pudesse entrar. Na segunda, alucinações, associações mentais patológicas, delírios, sonhos etc. se misturam para mostrar o universo da loucura por dentro, quando o adolescente entra em parafuso crônico. Os detalhes da história pessoal do doente mental são aqui mostrados, numa sequência repleta de referências psicanalíticas, necessárias para o desemaranhamento narrativo e o entendimento da história.

O que incomoda em Distúrbio Fatal é que tudo, por mais alucinógeno que possa ser para os olhos, é real. Na loucura não há fantasias. Tudo deve ser levado a sério. O filme sugere uma irrealidade que, no fundo, apenas reforça sua veracidade. Isso gera uma discussão ainda mais intensa: a relação da família com o seu doente mental. Quando o pai do adolescente não permite que ele atenda a porta da mansão, pois ele assustaria as pessoas, vemos que esses pacientes vivem numa espécie de encarceramento domiciliar. Ilda Witiuk e Rosangela Castro, em seu artigo, "Família do Portador de Transtorno Mental: Vítima ou Vilã ?," falam da difícil relação que se estabelece entre doente mental e família. Entre os resultados da pesquisa realizada pelas autoras destaquei alguns fatos importantes para o entendimento da condição em que o personagem central de Distúrbio Fatal se encontra.

(...) A efetivação do processo de desospitalização com o incentivo do Estado, a não criação de estruturas de apoio para o propcesso de desinstitucionalização do portador de transtorno mental, gerou desamparo aos doentes. A redução da responsabilidade do Estado tem acometido as famílias com a responsabilidade de provimento de cuidados ao portador de distúrbio mental (...) A família diante desta realidade de desamparo se desespera, pois a presença do doente em casa impõe exigências de cuidado e atenção emocional e material que lhes são inexistentes (...) A sociedade baseia-se no princípio de igualdade, mas é totalmente desigual. A família (...) tem passado por um acelerado procesos de empobrecimento. Este fenômeno tem cada vez mais vitimizado as famílias que não tem suas necessidades básicas atendidas, pois se veem desassistidas, com isso fragilizando os vínculos familiares cada vez mais (...) (A família de um doente mental) (...) fica fragilizada, suas relações internas e externas ficam totalmente comprometidas (...) A luta dos portadores de transtorno mental e seus familiares deve ser principalmente para que o doente mental tenha direito a ter direitos (...).

E, por último, as autoras sugerem (...), é de suma importância eliminarmos o preconceito e buscarmos a garantia dos direitos dos portadores de transtorno mental e sua inclusão nas políticas públicas de uma maneira mais efetiva (...) Ou seja, menos preconceito e mais ação e assistência. Uma última palavra fica para o excelente casting, com um trio de atores cujas atuações soberbas seguramente jamais cairão no esquecimento. Wow! Bravo !