
Vencedor do prêmio do Público da 9ª Mostra de Cinema de São Paulo, O Ilusionista é um desses filmes que devemos rever de vez em quando, pois a cada observação tiramos mais das imagens de Stelling, um dirtetor que se diz influenciado pelo cristianismo e que privilegia a imagem acima de todas as coisas. Além disso, o filme não tem diálogos. Apenas sons ambientes, de vozes disformes, grunhidos etc. Depois de revê-lo algumas vezes, continuo achando, quase 20 anos depois de vê-lo pela primeira vez, que esta obra não precisa de diálogos. O trabalho de imagens é de tal forma sinalético e bem apresentado que, qualquer tentativa de explicar o que acontece na tela por meio de palavras, tiraria toda a carga dramática dos sigmas os quais norteiam as cenas.
Encontramos salmos bíblicos em placas de ônibus, mensagens subliminares nos cenários, objetos com significados figurados, um outdoor cujo anúncio narra os sentimentos do personagem, linguagens corporais eficientes, gestos e expressões que nenhuma palavra poderia substituí-los de modo a representar melhor e mais fielmente o andamento da história. Cada cena é precisamente medida e explorada através da linguagem não-verbal, uma aula de comunicação universal. O Ilusionista é o que costumo chamar de cinema, mas do que um filme - fazer cinema vai muito além do que simplesmente contar uma história. E nisso o holandês Jos Stelling é um mestre.
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