Os conflitos de fronteira têm marcado o Estado de Israel e seus visinhos nos últimos tempos. Essas disputas por pedaços terras são surreais pela violência com que se mata apenas para compor mapas geopolíticos. Porém, é ainda mais surreal uma região existir sem o reconhecimento de um só país. É onde se localiza Majdal Shams, um vilarejo nas Colinas de Golã, entre a Síria e Israel, ocupada pelo povo druso, cuja nacionalidade é indefinida (pela disputa interminável entre os dois países). O casamento entre uma drusa e um sírio é, assim, feito na fronteira, com a ajuda de um representante da Cruz Vermelha. Mas a burocracia cruel reserva uma grande surpresa para o final deste evento - e ali temos a grande mensagem do filme. Mais uma ótima produção do diretor israelense Eran Riklis, aclamado diretor israelense. Um dado importante no filme é que ele mostra uma vertiginosa troca de poderes entre Israel e Síria sobre o cidadão e uma verdadeira lambança decretada em selos de vistos. Se você não estiver atento, você certamente perde o andar dessa conturbada história de nacionalidades, terras, fronteiras etc. Outro detalhe sobre essa produção é que ela reúne atores e profissionais israelenses, drusos e palestinos, evidência suficiente de que o cinema quebra fronteiras e ignora as disputas raciais e religiosas.
.
Bem-vindos ao Cinema & Consciência, um novo espaço para a difusão e a discussão do cinema brasileiro e internacional. Vamos falar de filmes ou documentários, discutir ética e estética do cinema, com enfoque nas pessoas, nos temas e nos fatos. Os comentários dos visitantes serão sempre bem-vindos.
Todos os textos neste blog são de autoria de Mário Luna, salvo aqueles em que a fonte for mencionada. Críticas construtivas e sugestões em geral, envie e-mail para este blogger: cinemaconsciencia@gmail.com
"Não acredite em nada que ler ou ouvir neste blog. Reflita. Tenha as suas próprias opiniões e conclusões"
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sexta-feira, 5 de setembro de 2014
terça-feira, 2 de setembro de 2014
CLOSE-UP: A OBRA-PRIMA DE KIAROSTAMI

domingo, 31 de agosto de 2014
POUCA QUANTIDADE COM GRANDE QUALIDADE: ESSE É O CINEMA IRANIANO
Abbas Kiarostami ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 1997, com Gosto de Cereja e o Leão de Ouro do Festival de Veneza, em 1999, com O Vento Nos Levará. Majid Majidi foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 1999, com Filhos do Paraíso. Asghar Farhadi levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o Globo de Ouro e o Urso de Ouro do Festival de Berlim, em 2012, com A Separação. Mohsen Makhmalbaf é um multi-premiado diretor, conhecido internacionalmente, realizador de filmes como O Ciclista (1987), Um Instante de Inocência (1996), A Caminho de Kandahar (2001) entre muitos outros. Jafar Panahi fez o premiado Balão Mágico. Para não falar em outros grandes diretores, como Mani Haghighi, Kamran Shirdel e Samira Makhmbalbaf. Só me resta questionar: Por que não somos o Irã nos cinemas???
terça-feira, 26 de agosto de 2014
A BELA SONATA DE BERGMAN
Na sessão de sábado, SONATA DE OUTONO de INGMAR BERGMAN. O
homem está demasiadamente preso à suas autodefesas para tornar-se um ser
reconciliador, e quando a reconciliação torna-se uma condição de sobrevivência
afetiva, os limites dos universos intraconscienciais se expandem na urgência de
enfrentar quem realmente somos ao custo da dor de mudar. Fugimos dessa dor que
causamos aos outros por ser a mesma dor que causamos a nós mesmos. Ao contrário
do que imaginamos, a dureza das piores atitudes revelam a fraqueza do caráter,
não pela virulência com que essa dureza se expressa, mas pela fragilidade a
partir da qual as suas couraças, que nos ajudam a fugir da realidade, nos
encerram em recônditos cômodos obscuros. Ingmar Bergman constrói um cenário
realista do processo reconciliatório em Sonata de Outono, colocando fortes e
fracos na mesma ponta de galho em meio à uma ventania de outono.
Na medida em
que as confrontações derrubam máscaras e removem couraças, as palavras
desnudam, afastando mentiras defendidas como verdades. Mas ao fim de suas
cenas, Bergman mostra-se um profundo estudioso da psicologia humana ao optar
por um final em que, sensatamente, conclui que, ao mentir em demasia para si
mesmo, o homem altera indefinidamente a sua essência, não por sua incapacidade
de cura, mas pela falta de lucidez contraída enquanto ele se manteve escondido
nas suas mentiras e das quais sente-se incapaz de sair. Mas a sua condição não
parece desesperançosa. Resta a compreensão movida pelo amor - o velho antídoto.
A intensidade de Bergman e sua profundidade narrativa extasiam os amantes do
seu grande cinema-filosófico-psicológico. Sonata de Outono é um clássico
atemporal para quem gosta de filmes que educam. Revejo esse filme como se lê um
bom livro duas vezes ou mais, e a cada olhar, a obra-prima de Bergman ressurge
fresca e renovada.
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sexta-feira, 22 de agosto de 2014
NOSSA POBRE CULTURA NACIONAL
Em 2014, pouco se ouviu falar de grandes bilheterias para filmes fora do gênero comédia. A Globo Filmes está derramando comédias no mercado nacional e arrastando multidões aos cinemas. No que se tornou a nossa indústria cinematográfica doméstica? Terá o mesmo acontecido com a indústria fonográfica que monopoliza o mercado com sertanejos, funks cariocas e axés? O Brasil joga a sua História para o ar e abraça o Fast Food Cultural. Saudades do Glauber Rocha, Walter Lima Junior, Lima Barreto, Cacá Diegues, Paulo Cesar Saraceni, Gustavio Dahl, Leon Hirszman, Nelson Pereira dos Santos... Numa época de culto ao corpo e à saúde, o brasileiro despreza o culto ao cérebro!
terça-feira, 20 de agosto de 2013
O AMOR NOS TEMPOS DA CÓLERA
Michael Haneke é um diretor de arte. O seu último filme Amor é uma obra-prima e não é a toa que ele ganhou a Palma De Ouro em Cannes em 2012 e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013, além de outros prêmios, o que fez Haneke levar para casa o seu segundo Oscar nessa categoria - ele havia ganho anos antes com A Fita Branca. O final surpreende e divide opiniões, mas todo o filme está recheado de bons momentos cinematográficos e quem não ficou atento ao mais-que-trabalhado texto do filme, deixou passar algumas preciosidades, o que, provavelmente, afetou a interpretação final da obra: uma transcedente visão do amor.
O mais interessante é que a história (com h mesmo) é verdadeira: aconteceu com os tios do diretor. Assinando também o roteiro, Haneke se permitiu apresentar igualmente outras realidades da sua vida privada, como a reprodução fidedigna do apartamento em que vive seus pais (o filme foi todo produzido em estúdio) e grande parte dos diálogos, sobretudo, aqueles diálogos-chave, são cópias de conversas que ele teve na infância com os pais, especialmente com a mãe, como a estória que Georges conta para a mulher numa das cenas finais.
Brilhantemente, o diretor não está interessado em mostrar o que acontece com alguém que passa por um problema de saúde semelhante na terceira idade nem tampouco como lidar com pacientes terminais. Ao contrário, ele centra seu drama no elemento humano. Como lidar com a morte iminente de alguém que amamos muito e como os personagens se comportam diante desse fardo inexorável. Sem sentimentalismo, o diretor nos brinda com uma história de sentimento profundo, numa época em que a humanidade está mais ocupada em disputar suas diferenças brandindo a sua cólera com terror.
O mais interessante é que a história (com h mesmo) é verdadeira: aconteceu com os tios do diretor. Assinando também o roteiro, Haneke se permitiu apresentar igualmente outras realidades da sua vida privada, como a reprodução fidedigna do apartamento em que vive seus pais (o filme foi todo produzido em estúdio) e grande parte dos diálogos, sobretudo, aqueles diálogos-chave, são cópias de conversas que ele teve na infância com os pais, especialmente com a mãe, como a estória que Georges conta para a mulher numa das cenas finais.
Brilhantemente, o diretor não está interessado em mostrar o que acontece com alguém que passa por um problema de saúde semelhante na terceira idade nem tampouco como lidar com pacientes terminais. Ao contrário, ele centra seu drama no elemento humano. Como lidar com a morte iminente de alguém que amamos muito e como os personagens se comportam diante desse fardo inexorável. Sem sentimentalismo, o diretor nos brinda com uma história de sentimento profundo, numa época em que a humanidade está mais ocupada em disputar suas diferenças brandindo a sua cólera com terror.
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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
VIACONS FILMES LANÇA DOCUMENTÁRIO SOBRE O CEAEC
A ViaCons Filmes lançou no ano passado INTERCÂMBIO GLOBAL NO CEAEC, documentário de média metragem que apresenta o Centro de Altos Estudos da Conscienciologia, localizado em Foz do Iguaçu, no Paraná. O centro é o primeiro campus conscienciológico, uma organização científica sem fins lucrativos, não-governamental, apartidária e não-religiosa, criada em 15 de Julho de 1995, mantida por pesquisadores-voluntários, totalmente voltada para cursos e pesquisas na área da Conscienciologia, uma neociência que estuda a consciência humana de forma integral, intra e extrafisicamente.
Centenas de pessoas se dedicam na administração do campus, tanto como professores e pesquisadores, como voluntários nas várias Instituições Conscienciológicas especializadas em diversas áreas de estudo. Milhares de pessoas passam pelo CEAEC todo o ano e grande parte delas vêm de outros países. Esse foi o motivo pelo qual o documentário foi realizado: mostrar o intercâmbio global existente e promovê-lo no intuito que esta interação seja cada vez maior.
O campus trata-se de um balneário bioenergético, localizado no bairro Cognópolis em Foz do Iguaçu-PR, um abiente que favorece a utilização lúcida da energias conscienciais e o desenvolvimento dos atributos mentais devido à sua riqueza ecológica. FONTE: www.ceaec.org
VERSÕES EM PORTUGUÊS E INGLÊS:
Centenas de pessoas se dedicam na administração do campus, tanto como professores e pesquisadores, como voluntários nas várias Instituições Conscienciológicas especializadas em diversas áreas de estudo. Milhares de pessoas passam pelo CEAEC todo o ano e grande parte delas vêm de outros países. Esse foi o motivo pelo qual o documentário foi realizado: mostrar o intercâmbio global existente e promovê-lo no intuito que esta interação seja cada vez maior.
O campus trata-se de um balneário bioenergético, localizado no bairro Cognópolis em Foz do Iguaçu-PR, um abiente que favorece a utilização lúcida da energias conscienciais e o desenvolvimento dos atributos mentais devido à sua riqueza ecológica. FONTE: www.ceaec.org
VERSÕES EM PORTUGUÊS E INGLÊS:
sábado, 12 de janeiro de 2013
ÁREA Q MOSTRA QUE PODEMOS FAZER ALGO ALÉM DE COMÉDIAS
O filme Área Q do diretor Gerson Sanginitto sai da linha do que está se tornando a especialidade do cinema nacional: a comédia. E não só: com ele, podemos acreditar que podemos fazer mais do que produzir dramas da seca ou que retratam a violência, o comércio de drogas, sexo e de quebra as comédias românticas. Isso não signifa que sejamos bons no gênero da ficção científica, mas a coprodução americana é a bicicleta de rodinhas que precisávamos para fazer algo de qualidade.
Confesso que ao pegar o filme eu não lhe dei os devidos créditos, mas como está tão difícil encontrar algo além da comédia, das histórias de amor e dos dramas nordestinos no cinema nacional hoje em dia, resolvi arriscar na esperança de que, enfim, algo de qualidade no gênero tivesse sido feito. E foi assim que assisti Área Q: minuto a minuto, buscando algo para criticar, reclamar, me decepcionar... mas não encontrei... para meu alívio. Sim, nós podemos fazer um bom filme de ficção científica!
Mas o diretor foge aos rótulos. Em entrevista ao G1, Gerson Sanginitto disse que “este filme não é espírita, não é religioso, a gente não fala de religião, não é doutrinário. Não é nem ficção científica, que eu acho que até diminui um pouco o filme”, continua o cineasta. “Esses elementos de ficção, essa abordagem sutil espiritualista, na verdade é um pano de fundo para o drama desse pai que está à procura do filho que desapareceu.”
Protagonizado por Isaiah Washington, que trabalhou com Spike Lee e viveu o dr. Burke no seriado Grey's Anatomy, e com Murilo Rosa e Tania Khallil, Área Q conta a história de abduções no interior do Ceará, numa região povoada por cidades que começam com Q, Quixadá, Quixeramobim etc. Os casos parecem de fato serem verídicos segundo conta o relato dos habitantes dessa região e a ideia do diretor foi inicialmente retratar tais depoimentos. Isaiah Washington vive o jornalista que é enviado ao interior do Ceará para fazer uma reportagem sobre as abduções e descobre nessa experiência que o sumiço do seu filho, nos EUA, anos antes, está diretamente ligado aos casos dos desaparecimentos brasileiros.
O roteiro, embora ainda repetindo fórmulas antigas da nossa escola, com algumas tomadas longas, cenas explicadas além da conta, foi escrito com maestria no quesito tratamento. É muito legal ver que podemos escrever roteiros como os americanos - bem urdido, com elipse de tempo, com sub-plots que convergem para um final surpreedente, dando à estória um acabamento envolvente e ao espectador a sensação de que ele não passou quase duas horas diante da tela. Talvez alguns críticos com Steven Spielberg na cabeça encontrem alguma coisa para dizer que Área Q é um embrião no gênero - para mim, foi uma mais do que grata surpresa.
Confesso que ao pegar o filme eu não lhe dei os devidos créditos, mas como está tão difícil encontrar algo além da comédia, das histórias de amor e dos dramas nordestinos no cinema nacional hoje em dia, resolvi arriscar na esperança de que, enfim, algo de qualidade no gênero tivesse sido feito. E foi assim que assisti Área Q: minuto a minuto, buscando algo para criticar, reclamar, me decepcionar... mas não encontrei... para meu alívio. Sim, nós podemos fazer um bom filme de ficção científica!
Mas o diretor foge aos rótulos. Em entrevista ao G1, Gerson Sanginitto disse que “este filme não é espírita, não é religioso, a gente não fala de religião, não é doutrinário. Não é nem ficção científica, que eu acho que até diminui um pouco o filme”, continua o cineasta. “Esses elementos de ficção, essa abordagem sutil espiritualista, na verdade é um pano de fundo para o drama desse pai que está à procura do filho que desapareceu.”
Protagonizado por Isaiah Washington, que trabalhou com Spike Lee e viveu o dr. Burke no seriado Grey's Anatomy, e com Murilo Rosa e Tania Khallil, Área Q conta a história de abduções no interior do Ceará, numa região povoada por cidades que começam com Q, Quixadá, Quixeramobim etc. Os casos parecem de fato serem verídicos segundo conta o relato dos habitantes dessa região e a ideia do diretor foi inicialmente retratar tais depoimentos. Isaiah Washington vive o jornalista que é enviado ao interior do Ceará para fazer uma reportagem sobre as abduções e descobre nessa experiência que o sumiço do seu filho, nos EUA, anos antes, está diretamente ligado aos casos dos desaparecimentos brasileiros.
O roteiro, embora ainda repetindo fórmulas antigas da nossa escola, com algumas tomadas longas, cenas explicadas além da conta, foi escrito com maestria no quesito tratamento. É muito legal ver que podemos escrever roteiros como os americanos - bem urdido, com elipse de tempo, com sub-plots que convergem para um final surpreedente, dando à estória um acabamento envolvente e ao espectador a sensação de que ele não passou quase duas horas diante da tela. Talvez alguns críticos com Steven Spielberg na cabeça encontrem alguma coisa para dizer que Área Q é um embrião no gênero - para mim, foi uma mais do que grata surpresa.
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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
CHEGA DE SAUDADE DO ETTORE SCOLA
O filme Chega de Saudade da diretora Laís Bodanzky poderia ter sido feito pelo diretor italiano Ettore Scole pois me lembrou o seu clássico O Baile, com um desfile de personagens heterogêneos que se encontram num mesmo espaço nos enchendo de humanidade.
O mais cativante em Chega de Saudade é ver o trabalho de camera. Aqui o roteiro não peca no tempo da camera ligada. Pelo contrário, a camera ligada nesse caso mostra tanto que esquecemos que todo aquele universo faz parte de uma mesma tomada. Os personagens são ricos em fatos, tipos, situações vividas no baile, experiências de vida, modo de ver a realidade e opiniões. Não sou adepto dos bailes de música de salão, mas aqui há muito mais do que isso: há humanidade, uma realidade crua do ser humano em busca da felicidade, do prazer. Tudo isso numa idade em que muitos ali já dobraram o cabo da boa esperança. Há tanta vida nesse filme!
A diretora foi muito feliz ao escolher o tratamento para o seu filme. Chega de Saudade mostra um baile de música de salão, em algum clube situado numa esquina de São Paulo. Os personagens chegam ainda à luz do dia e ficam lá até tarde. Todos querem se divertir, dançar, sentir alguma paixão, beijar, viver, transar no fim da noite ou lá mesmo, conhecer pessoas, paquerar, sentir prazer, algum tipo de contentamento e felicidade. Essa busca nos leva a conhecer o ser humano em sua essência, em tantos casos paralelos que se encontram nessa humanidade explícita no filme.
Como disse, não sou fã da música de salão, mas sou fã da boa música e o filme apresenta 30 temas diversos, que vão desde Marvin Gaye cantando Get It On ao hino do bloco pernambucano de frevo Batutas de São José, do compositor João Santiago. Assim como a música, há um amálgama de gente que se completa tanto por pessoas de 20 anos como por senhores e senhoras de 80. Essa diversidade espantosa parece incrível funcionar num espaço reduzido de uma maneira tão humanamente harmoniosa.
Creio que, saindo do gênero comum da comédia e dos filmes de violência urbana e os dramas da pobreza, tenho ultimamente descoberto razões para repensar o cinema nacional e Chega de Saudade é uma dessas produções que me levam a isso.
O mais cativante em Chega de Saudade é ver o trabalho de camera. Aqui o roteiro não peca no tempo da camera ligada. Pelo contrário, a camera ligada nesse caso mostra tanto que esquecemos que todo aquele universo faz parte de uma mesma tomada. Os personagens são ricos em fatos, tipos, situações vividas no baile, experiências de vida, modo de ver a realidade e opiniões. Não sou adepto dos bailes de música de salão, mas aqui há muito mais do que isso: há humanidade, uma realidade crua do ser humano em busca da felicidade, do prazer. Tudo isso numa idade em que muitos ali já dobraram o cabo da boa esperança. Há tanta vida nesse filme!
A diretora foi muito feliz ao escolher o tratamento para o seu filme. Chega de Saudade mostra um baile de música de salão, em algum clube situado numa esquina de São Paulo. Os personagens chegam ainda à luz do dia e ficam lá até tarde. Todos querem se divertir, dançar, sentir alguma paixão, beijar, viver, transar no fim da noite ou lá mesmo, conhecer pessoas, paquerar, sentir prazer, algum tipo de contentamento e felicidade. Essa busca nos leva a conhecer o ser humano em sua essência, em tantos casos paralelos que se encontram nessa humanidade explícita no filme.
Como disse, não sou fã da música de salão, mas sou fã da boa música e o filme apresenta 30 temas diversos, que vão desde Marvin Gaye cantando Get It On ao hino do bloco pernambucano de frevo Batutas de São José, do compositor João Santiago. Assim como a música, há um amálgama de gente que se completa tanto por pessoas de 20 anos como por senhores e senhoras de 80. Essa diversidade espantosa parece incrível funcionar num espaço reduzido de uma maneira tão humanamente harmoniosa.
Creio que, saindo do gênero comum da comédia e dos filmes de violência urbana e os dramas da pobreza, tenho ultimamente descoberto razões para repensar o cinema nacional e Chega de Saudade é uma dessas produções que me levam a isso.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
HOMO SAPIENS PARAPSYCHICUS SAI EM 2013
O documentário Homo sapiens parapsychicus está em fase adiantada de gravação. O roteiro apresenta um histórico do desenvolvimento parapsíquico na humanidade desde a Grécia antiga, com os relatos das experiências paranormais vivenciadas por filósofos como Platão e Sócrates, até os dias atuais. Mostra a prática parapsíquica ñas religiões católica, espírita, budista, hinduísta e africanas, a visão da ciência convencional, clínica, através da psicologia, parapsicologia, psiquiatria e a neurologia - é possível, por exemplo, hoje em dia, detectar mudanças no funcionamento cerebral durante um acoplamento parapsíquico -, assim como os novos avanços tecnológicos no estudo e pesquisa dos eventos paranormais, com a melhoria e precisão dos novos instrumentos de medição e a visão das neociências Projeciologia e Conscienciologia, que há mais de duas décadas vêm estudando o parapsiquismo de maneira científica, através de experimentos e artigos científicos.
Além disso, a produção vai para as ruas ouvir pessoas na busca por relatos de experiências parapsíquicas. Uma pesquisa de opinião, desenvolvida previamente com mais de 100 pessoas, apontou surpreendentes 83% de relatos de pessoas que disseram já terem vivenciado ou comprovado algum tipo de experiência paranormal. Foram ouvidas pessoas das mais variadas classes sociais, niveis de instrução e orientação religiosa. Até o final da fase de produção, a equipe de pesquisa do documentário pretende estender esse número acima de 1.000 entrevistados.
O roteiro e direção são assinados por mim e os recursos financeiros de produção são inteiramente independentes. A ViaCons Filmes pretende em breve fomentar parcerias para a divulgação do documentário em salas de cinema e televisão. Por hora, o canal utilizado pela marca para a divulgação dos seus trabalhos é a internet, através de sites de vídeo como YouTube, Vimeo, Studentsfilms etc, além do seu site oficial, ainda em fase de construção.
Além disso, a produção vai para as ruas ouvir pessoas na busca por relatos de experiências parapsíquicas. Uma pesquisa de opinião, desenvolvida previamente com mais de 100 pessoas, apontou surpreendentes 83% de relatos de pessoas que disseram já terem vivenciado ou comprovado algum tipo de experiência paranormal. Foram ouvidas pessoas das mais variadas classes sociais, niveis de instrução e orientação religiosa. Até o final da fase de produção, a equipe de pesquisa do documentário pretende estender esse número acima de 1.000 entrevistados.
O roteiro e direção são assinados por mim e os recursos financeiros de produção são inteiramente independentes. A ViaCons Filmes pretende em breve fomentar parcerias para a divulgação do documentário em salas de cinema e televisão. Por hora, o canal utilizado pela marca para a divulgação dos seus trabalhos é a internet, através de sites de vídeo como YouTube, Vimeo, Studentsfilms etc, além do seu site oficial, ainda em fase de construção.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
VIACONS FILMES: UMA NOVA MARCA NO MERCADO AUTORAL DE CINEMA E TV
A marca ViaCons Filmes assina suas próprias produções de vídeos, clips, filmes, documentários, e, brevemente, seriados para a TV. A ideia é não apenas produzir seus trabalhos, mas assinar também para o mercado autoral de cinema e TV. O site oficial está em fase final de preparação, assim como as páginas em redes sociais como Facebook e LinkedIn e em sites internacionais de filmes, como Vimeo, Studentsfilms entre outros. A ideia é desenvolver um trabalho de criação que extrapole os limites do convencional e conquiste mercado.
Já estamos com três grandes projetos em andamento: o documentário de longa-metragem Homo sapiens parapsychcus, sobre parapsiquismo, que está em fase de gravação e deve sair no próximo ano, outro documentário de longa-metragem, Pacificus, sobre o processo de pacificação no mundo hoje, este jornalísitico, realizado a partir de pesquisa de imagens históricas, e Encontro Interplanos, um projeto de filme de ficção, no estilo ghost movie, que atualmente está em fase de roteirização, junto com o livro, que deve, inclusive, sair antes.
Além disso, encontra-se em fase de pesquisa o documentário Meu Amigo Invisível, sobre o parapsiquismo na infância - escrito com a colaboração de uma equipe de pesquisadores voluntários, inclusive da Alemanha, interessados no tema. Este documenário reúne também depoimentos de adultos que sofreram com o parapsiquismo na fase infantil, quando os pais pensavam se tratar de problemas cerebrais, ou às vezes mentais, e os submetiam a exames clínicos extenuantes e humilhantes. Não foram poucos os relatos de pessoas que passaram por esses eventos quando pequeno. O documenário pretende oferecer um guia de informação útil e científica, baseado em evidências, para pais e educadores lidar com a mediunidade das crianças, tanto na escola quanto em casa, de uma maneira sadia, sem sofrimento para os pequenos parapsíquicos.
O documentário Pacificus deve também sair em livro. A decisão está sendo amadurecida, depois da produção de um grande de volume de informação histórica, que será utilizada no filme, ter chamado a minha atenção para a importância de se ter publicado um documento assim. A informação em questão compreende os principais conflitos do Século XX, as personalidades que marcaram as principais guerras, assim como as personalidades que hoje estão defendendo a paz no planeta.
Já estamos com três grandes projetos em andamento: o documentário de longa-metragem Homo sapiens parapsychcus, sobre parapsiquismo, que está em fase de gravação e deve sair no próximo ano, outro documentário de longa-metragem, Pacificus, sobre o processo de pacificação no mundo hoje, este jornalísitico, realizado a partir de pesquisa de imagens históricas, e Encontro Interplanos, um projeto de filme de ficção, no estilo ghost movie, que atualmente está em fase de roteirização, junto com o livro, que deve, inclusive, sair antes.
Além disso, encontra-se em fase de pesquisa o documentário Meu Amigo Invisível, sobre o parapsiquismo na infância - escrito com a colaboração de uma equipe de pesquisadores voluntários, inclusive da Alemanha, interessados no tema. Este documenário reúne também depoimentos de adultos que sofreram com o parapsiquismo na fase infantil, quando os pais pensavam se tratar de problemas cerebrais, ou às vezes mentais, e os submetiam a exames clínicos extenuantes e humilhantes. Não foram poucos os relatos de pessoas que passaram por esses eventos quando pequeno. O documenário pretende oferecer um guia de informação útil e científica, baseado em evidências, para pais e educadores lidar com a mediunidade das crianças, tanto na escola quanto em casa, de uma maneira sadia, sem sofrimento para os pequenos parapsíquicos.
O documentário Pacificus deve também sair em livro. A decisão está sendo amadurecida, depois da produção de um grande de volume de informação histórica, que será utilizada no filme, ter chamado a minha atenção para a importância de se ter publicado um documento assim. A informação em questão compreende os principais conflitos do Século XX, as personalidades que marcaram as principais guerras, assim como as personalidades que hoje estão defendendo a paz no planeta.
sábado, 3 de março de 2012
NIKOLA TESLA: O DOCUMENTÁRIO

Antes de ir para a América, Tesla se juntou a Continental Edison Company em Paris, onde projetou dínamos. Enquanto em Estrasburgo em 1883, em particular construiu um protótipo de motor de indução e obteve grande sucesso. Nikola Tesla veio para os Estados Unidos em 1884. Tesla vai passar os próximos 59 anos da sua vida produtiva vivendo em Nova York. Foi lá onde ele começou a melhorar a linha de dínamos enquanto trabalhou no laboratório de Edison em Nova Jersey e foi então que começou a sua divergência de opinião com Edison sobre a corrente contínua e corrente alternada. Essa divergência atingiu o auge na batalha das correntes. Edison terminou por perder essa batalha para proteger o seu investimento em instalações e equipamento de corrente contínua.
FONTE: TEXTO RESUMIDO TRADUZIDO DE http://topdocumentaryfilms.com/nikola-tesla-the-genius/
MAIS UMA VEZ DE VOLTA
Caros amigos,
Mais uma volta estou de volta. Quando pensava que teria tempo para retomar as postagens por aqui, eis que me surgem novas oportunidades de trabalho em vídeo e uma série de entrevistas para fazer para o documentário Homo Sapiens Parapsychicus, cujas filmagens começaram em dezembro e seguem de vento em popa. Muito bom. Pois agora podemos arriscar que o filme fica pronto ainda este ano.
A boa notícia é que o Cinema & Consciência sempre andou sozinho durante todo esse tempo em que seu alimentador esteve afastado. Tanto novos visitantes quanto seus seguidores mantiveram o número de visitas em alta (para os padrões de um blog sobre cinema e conscienciologia, claro). Essa é uma evidência de que o blog amadureceu e estabeleceu seu espaço na rede. Novas postagens, entretanto, consolidam a sua existência e motivam a chegada de novos leitores, porque a comunicação da notícia, o fluxo da informação não deve parar nunca.
Muitas produções foram finalizadas durante este período de ausência e aos poucos irei lançar por aqui todas as entrevistras sobre cursos, lançamentos de livro, matérias em geral, que, certamente, cairão no interesse do leitor do C&C. O mesmo é válido para o meu outro blog sobre conscienciologia - o Via Consciência. EStye texto está copiado e colado por lá, pois muitos seguidores do C&C não são segudores do Via e a re-apresentação é válida para ambos.
Neste ano de 2012, espero manter o blog atualizado, trazendo novas postagens com matérias interessantes para partilhar com vocês as minhas proezas e mostrar sempre que estamos caminhando em direção a um futuro promissor em termos de pesquisas conscienciológicas, projetos pessoais e planos gerais, sempre mantendo a informação nesse fluxo contínuo. Esta é a proposta dos meus blogs e o meu compromisso multidimensional com a informação e com todos vocês.
A boa notícia é que o Cinema & Consciência sempre andou sozinho durante todo esse tempo em que seu alimentador esteve afastado. Tanto novos visitantes quanto seus seguidores mantiveram o número de visitas em alta (para os padrões de um blog sobre cinema e conscienciologia, claro). Essa é uma evidência de que o blog amadureceu e estabeleceu seu espaço na rede. Novas postagens, entretanto, consolidam a sua existência e motivam a chegada de novos leitores, porque a comunicação da notícia, o fluxo da informação não deve parar nunca.
Muitas produções foram finalizadas durante este período de ausência e aos poucos irei lançar por aqui todas as entrevistras sobre cursos, lançamentos de livro, matérias em geral, que, certamente, cairão no interesse do leitor do C&C. O mesmo é válido para o meu outro blog sobre conscienciologia - o Via Consciência. EStye texto está copiado e colado por lá, pois muitos seguidores do C&C não são segudores do Via e a re-apresentação é válida para ambos.
Neste ano de 2012, espero manter o blog atualizado, trazendo novas postagens com matérias interessantes para partilhar com vocês as minhas proezas e mostrar sempre que estamos caminhando em direção a um futuro promissor em termos de pesquisas conscienciológicas, projetos pessoais e planos gerais, sempre mantendo a informação nesse fluxo contínuo. Esta é a proposta dos meus blogs e o meu compromisso multidimensional com a informação e com todos vocês.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
DOCUMENTÁRIO HOMO SAPIENS PARAPSYCHICUS - TRALEIR
Estou de volta após alguns meses de recesso, dedicados à produção e
edição de vídeos, entre outros projetos de voluntariado, que não me
deram tempo nem escolha para pensar em outra coisa. Ufa! Aos seguidores
que ficaram esse tempo sem postagens e notícias, mas pacientes, retorno
com trailer promocional não-oficial do meu futuro documentário Homo
Sapiens
Parapsychicus, um projeto de estréia,
que aborda a paranormalidade como uma faculdade parapsíquica inerente ao
ser humano, da qual ele faz uso com maior ou menor grau de lucidez e
controle - "o ser humano é, em sua essência, um ser parapsíquico e
pluriexistencial, isto é, com, sucessivas experiências reencarnatórias
(ressomáticas) as quais determinam hoje o seu nível evolutivo.
A razão do trailer sair primeiro do que documentário ocorre pelo fato de tê-lo preparado para participar do The One Minute Festival na categoria trailer. Mas isso ficou para uma poutra ocasião. Trabalho pronto, mas não final, apresento este até-aqui a vocês.
Música: trecho de "Through the Portal" by Jamin Winans - Licença de uso por Double Edge Films
Direção e imagens: Mário Luna
A razão do trailer sair primeiro do que documentário ocorre pelo fato de tê-lo preparado para participar do The One Minute Festival na categoria trailer. Mas isso ficou para uma poutra ocasião. Trabalho pronto, mas não final, apresento este até-aqui a vocês.
Música: trecho de "Through the Portal" by Jamin Winans - Licença de uso por Double Edge Films
Direção e imagens: Mário Luna
sexta-feira, 18 de março de 2011
ZEITGEIST - MOVING FORWARD
Em 15 de janeiro de 2011, Zeitgeist: Moving Foward” dirigido por Peter Joseph foi lançado em 60 países, 31 idiomas, 295 cidades e 341 locais de exibição. No YouTube, com legendas em 30 línguas diferentes, o documentário pode ser considerado o maior lançamento de um filme independente sem fins lucrativos da historia.
Zeitgeist: Moving Forward, do diretor Peter Joseph, é uma característica de trabalho documentário que vai apresentar um caso de uma saída de transição necessária da política monetária socioeconômico, atual paradigma que rege a sociedade do mundo inteiro (Mr. Zunxo - YouTube).
"Uma economia baseada em recursos é um sistema onde todos os bens e serviços estão disponíveis sem o uso de dinheiro, crédito, escambo ou qualquer outro sistema de débito ou servidão. Todos os recursos tornam-se patrimônio comum de todos os habitantes, não de apenas uns poucos selecionados. A premissa sobre a qual esse sistema é baseado é a de que a Terra seja abundante em recursos; nossa prática de racionamento de recursos através de métodos monetários é irrelevante e contraproducente à nossa sobrevivência.
A sociedade moderna tem acesso à tecnologias de ponta e pode disponibilizar comida, vestimenta, moradia e assistência médica; atualizar nosso sistema educacional; e desenvolver um suprimento ilimitado de energia renovável e não-poluente. Através da provisão de uma economia projetada de forma eficiente, todos podem desfrutar de um elevadíssimo padrão de vida com todas as amenidades de uma sociedade altamente tecnológica. Uma economia baseada em recursos usaria os recursos existentes da terra e do mar, o equipamento físico, indústrias etc. para engrandecer a vida de toda a população. Numa economia baseada em recursos no lugar de dinheiro, poderíamos facilmente produzir todas as necessidades biológicas e fornecer um elevado padrão de vida para todos."
O Blog Cinema & Consciência exibe o documentário na íntegra (duração: 2h41min25seg). Para a escolha da legenda, clique no botão CC (vermelho) na barra inferior do monitor de video.
Site Oficial: Zeitgeist: Moving Forward
Este é um trabalho não comercial, e está disponível online para visualização e nenhuma restrição para fazer upload, download, postar, e linkar, desde que não ocorra nenhuma troca em dinheiro.
Zeitgeist: Moving Forward, do diretor Peter Joseph, é uma característica de trabalho documentário que vai apresentar um caso de uma saída de transição necessária da política monetária socioeconômico, atual paradigma que rege a sociedade do mundo inteiro (Mr. Zunxo - YouTube).
"Uma economia baseada em recursos é um sistema onde todos os bens e serviços estão disponíveis sem o uso de dinheiro, crédito, escambo ou qualquer outro sistema de débito ou servidão. Todos os recursos tornam-se patrimônio comum de todos os habitantes, não de apenas uns poucos selecionados. A premissa sobre a qual esse sistema é baseado é a de que a Terra seja abundante em recursos; nossa prática de racionamento de recursos através de métodos monetários é irrelevante e contraproducente à nossa sobrevivência.
A sociedade moderna tem acesso à tecnologias de ponta e pode disponibilizar comida, vestimenta, moradia e assistência médica; atualizar nosso sistema educacional; e desenvolver um suprimento ilimitado de energia renovável e não-poluente. Através da provisão de uma economia projetada de forma eficiente, todos podem desfrutar de um elevadíssimo padrão de vida com todas as amenidades de uma sociedade altamente tecnológica. Uma economia baseada em recursos usaria os recursos existentes da terra e do mar, o equipamento físico, indústrias etc. para engrandecer a vida de toda a população. Numa economia baseada em recursos no lugar de dinheiro, poderíamos facilmente produzir todas as necessidades biológicas e fornecer um elevado padrão de vida para todos."
O Blog Cinema & Consciência exibe o documentário na íntegra (duração: 2h41min25seg). Para a escolha da legenda, clique no botão CC (vermelho) na barra inferior do monitor de video.
Site Oficial: Zeitgeist: Moving Forward
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
CONFUCIUS - A BATALHA PELO IMPÉRIO
Kong Qiu, Zhong Ni ou Confucius, seu nome latino, nasceu no ano 551 AC, em Tsou, uma pequena cidade no estado de Lu, hoje sul da província de Shantung. Confúcio viveu durante a dinastia Chou, num período de grande ebulição intelectual na China. Mas foi com o advento da dinastia Ch'in, entretanto, que o confucionismo esperimentou seu período de oposições. O imperador Shih Huang Ti estava determinado a erradicar a influência de Confúcio e ignorar o passado. Mas, antes de tomarmos partido neste episódio contrário à filosofia de Confúcio, liderado por Shih Huang Ti, convém lembrar que o imperador chinês está entre as 50 mais ilustres consciências da história mundial por promover a união da China e instituir uma série de reformas radicais, que se constituíram num importante fator de unidade cultural, o qual se mantém vivo e válido desde então.
O confucionismo resistiu e sobreviveu à tentativa de erradicação de sua filosofia, com o apoio dos sábios confucionistas, quando a dinastia Ch'in se extinguiu. Na dinastia seguinte, com o imperador Han, o confucionismo foi adotado como filosfia oficial do governo chinês. E não ficou apenas nesse status. Consequentemente, os ideais de Confúcio foram aceitos pela maioria dos chineses, influenciando de forma definitiva a vida na China e o modo de pensar do seu povo. A forma usada por Confúcio para passar seus ensinamentos a seus alunos tinha na sua integridade e sinceridade a base sólida para credenciar suas ideias.
Além disso, Confúcio era um homem moderado e prático e não exigia de ninguém aquilo que ele não pudesse dar. O respeito ao momento evolutivo do próximo e aos limtes de cada um foi talvez a chave para o imenso sucesso dos seus ensinamentos. Ele não anunciava-se como salvador e nem pretendia mudar a crença do povo. Não pedia mudanças de paradigmas nem que abandonassem seus cultos. Confúcio apenas ofereceu uma forma de reorganizar tais ideias de uma maneira clara e admirável, fortalecendo as tradições e criando uma sintonia com os pontos de vista fundamentais da época.
Confucius - A Batalha pelo Império apresenta o período dos 51 aos 73 anos do influente filósofo chinês. De prefeito da cidade de Zhongdu a ministro do reino e mestre difusor de ideais éticos de humanidade e harmonia. Durante o reinado de Ding, três clãs disputavam o poder em Lu: os Jishi, os Shushi e Mengshi. O governante Lu Dinggong escolheu Confúcio como Ministro da Justiça para instaurar civilidade e progresso no reino. Em 497 AC, depois de algumas vitórias memoráveis pela engenhosidade e inteligência, o filósofo enfrentou oposição das famílias nobres e partiu para o exílio, viajando pela China. Em 484 AC retornou à terra de seus pais.
No filme da diretora Hu Mei, Confúcio atravessa um período de grandes rivalidades e guerras entre Estados na China. Ele é um poderoso e influente ministro que se destaca por seu prestígio e autoridade. Seu poder, entretanto, implica em contrair inimigos invejosos e uma traição politica coloca o Imperador contra Confucius. Injustamente deposto de seu cargo e mandado, enfrenta o exílio e luta contra os imperadores com seu exército de grandes idéias. Mesmo em tempos de crise, Confucius nos mostra que devemos prosseguir vivendo com arte, ética e benevolência. Sendo paciente e suave, é possível vencer a agressão e arbitrariedade. Uma bela fotografia e uma produção primorosa completam essa obra para o cinema para se ver e ter em casa, pois constitui um documento importante sobre um homem que não irá somente unificar uma nação, mas mudar a história da humanidade.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
O EFEITO SOMBRA
Segundo Jung, a sombra é a parte obscura de nossa personalidade, que reside no universo inconsciente e é basicamente formada por nossos defeitos ou traços fardos, constituindo-se, assim, uma parte importante parte da nossa psique. A sombra, no entanto, não representa apenas os nossos traços fardos; é também o ponto inicial para as nossas reciclagens pessoais, intraconscienciais, o repositório do que precisa ser modificado, descartado, a fim de que algum nível de crescimento pessoal seja alcançado. Descartar as sombras significa, para Jung, tornar-se um pouco mais inteiro. Ignorá-la, por outro lado, potencializa nossas fraquezas. Para superá-las é preciso auto-enfrentamento e coragem para evoluir.
Nós só podemos evoluir olhando para aquilo que ainda não foi desenvolvido. Lidar apenas com as nossas qualidades pode nos levar ao mimetismo, ou seja, a repetição ad eternum de talentos e aptidões já descartáveis. Para Jung, essa não seria uma "vida inteira." Os potenciais se renovam, as necessidades de desempenharmos novas tarefas também. Isso fica mais claro de entender quando pensamos que ninguém pode evoluir fazendo sempre as mesmas coisas. Depois do sucesso do livro, chega ao Brasil o DVD O Efeito Sombra, lançado por aqui pela Gemini. O filme conta com a participação dos autores do best-seller homônimo, que consta pela 22ª semana seguida na lista dos livros mais vendidos do gênero de auto-ajuda das revistas Época e Veja.
Escrito pelo médico indiano Deepak Chopra, pela professora espiritual Marianne Williamson e por Debbie Ford, consultora espiritual, que escreve semanalmente para o portal Oprah.com, o filme é psicanalítico e conta também com especialistas estudiosos do conceito de Sombra. Além disso, traz depoimentos emocionantes de pessoas que conseguiram superar suas sombras para viver uma vida plena. É um filme que incita a auto-reflexão, revolucionando a forma de encarar seus defeitos e qualidades. Nas palavras do autor best-seller Aldo Novak, porta-voz do livro e do filme O Efeito Sombra no Brasil, "assistir a este filme é encontrar o segredo que faltava em O Segredo."
Nós só podemos evoluir olhando para aquilo que ainda não foi desenvolvido. Lidar apenas com as nossas qualidades pode nos levar ao mimetismo, ou seja, a repetição ad eternum de talentos e aptidões já descartáveis. Para Jung, essa não seria uma "vida inteira." Os potenciais se renovam, as necessidades de desempenharmos novas tarefas também. Isso fica mais claro de entender quando pensamos que ninguém pode evoluir fazendo sempre as mesmas coisas. Depois do sucesso do livro, chega ao Brasil o DVD O Efeito Sombra, lançado por aqui pela Gemini. O filme conta com a participação dos autores do best-seller homônimo, que consta pela 22ª semana seguida na lista dos livros mais vendidos do gênero de auto-ajuda das revistas Época e Veja.
Escrito pelo médico indiano Deepak Chopra, pela professora espiritual Marianne Williamson e por Debbie Ford, consultora espiritual, que escreve semanalmente para o portal Oprah.com, o filme é psicanalítico e conta também com especialistas estudiosos do conceito de Sombra. Além disso, traz depoimentos emocionantes de pessoas que conseguiram superar suas sombras para viver uma vida plena. É um filme que incita a auto-reflexão, revolucionando a forma de encarar seus defeitos e qualidades. Nas palavras do autor best-seller Aldo Novak, porta-voz do livro e do filme O Efeito Sombra no Brasil, "assistir a este filme é encontrar o segredo que faltava em O Segredo."
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
10 FILMES IMPERDÍVEIS SOBRE PROGRAMAÇÃO EXISTENCIAL (PROÉXIS)
À Procura da Felicidade
Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família que enfrenta sérios problemas financeiros. Apesar de todas as tentativas em manter a família unida, Linda (Thandie Newton), sua esposa, decide partir. Chris agora é pai solteiro e precisa cuidar de Christopher (Jaden Smith), seu filho de apenas 5 anos. Ele tenta usar sua habilidade como vendedor para conseguir um emprego melhor, que lhe dê um salário mais digno. Chris consegue uma vaga de estagiário numa importante corretora de ações, mas não recebe salário pelos serviços prestados. Sua esperança é que, ao fim do programa de estágio, ele seja contratado e assim tenha um futuro promissor na empresa. Porém seus problemas financeiros não podem esperar que isto aconteça, o que faz com que sejam despejados. Chris e Christopher passam a dormir em abrigos, estações de trem, banheiros e onde quer que consigam um refúgio à noite, mantendo a esperança de que dias melhores virão.
(Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/a-procura-da-felicidade/).
Confucius - A Batalha pelo Império
Confucius é um poderoso e influente ministro que se destaca por seu prestígio e autoridade em um dos impérios da China antiga. Mas tanto poder traz consigo inimigos invejosos. Uma traição política coloca o imperador contra Confucius e ele é injustamente deposto de seu cargo e mandado para o exílio. Lutando contra os imperadores, Confucius não irá somente unificar uma nação mas mudará a história da humanidade.
(Fonte: http://www.interfilmes.com/filme_24395_A.Batalha.Pelo.Imperio-%28Confucius%29.html)
Hotel Ruanda
Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte de quase um milhão de pessoas em apenas cem dias. Sem apoio dos demais países, os ruandenses tiveram que buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na capital do país. Contando apenas com sua coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1200 pessoas durante o conflito.
(Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/hotel-ruanda/)
Maria Montessori
A Versátil apresenta "Maria Montessori - Uma vida dedicada às crianças", cinebiografia de Maria Montessori (1870-1952), médica, educadora e pedagoga italiana que criou um método educacional revolucionário. Esta minissérie conta com uma excelente atuação de Paola Cortellesi no papel principal. Nos extras, depoimento da Profª. Heloísa Pires, educadora e escritora. Acompanhe os principais momentos da trajetória de Montessori - a graduação em medicina, a militância feminista, o trabalho pioneiro com crianças deficientes, a fundação da "Casa das Crianças", a relação com o filho Mario, entre outros.
(Fonte: http://www.eovideolevou.com.br/detalhe/completo.asp?cp=65270)
Jornada da Liberdade
A vida de William Wilberforce é a história de como a perseverança e a fé de um homem mudaram o mundo. Líder do movimento abolicionista britânico, o filme mostra a luta épica para criar a uma lei com o objetivo de acabar com o tráfico negreiro. Durante esta jornada, Wilberforce encontra oposição intensa dos que acreditavam que a escravidão estava diretamente ligada à estabilidade do império britânico. Em seus amigos, incluindo John Newton, um ex-capitão de navio negreiro que compôs o famoso hino Amazing Grace, encontrou suporte para continuar lutando pela causa.
Samsara
Tashi é um jovem monge tibetano que, após passar três anos em reclusão meditando, é resgatado por seus companheiros, que o ajudam a retornar ao monastério. No caminho, ele vê escrito em uma pedra "como impedir que uma gota d'água desapareça ao sol?". De volta à vida religiosa, Tashi se encanta com uma dançarina, e os crescentes desejos por uma existência comum o atormentam tanto, que ele decide deixar o templo, e ir viver na cidade, para trabalhar, se casar e constituir família.
(Fonte: http://www.cineplayers.com/filme.php?id=1435)
Salvo pela Luz
É baseado no livro Saved by the Light, de autoria do empresário norte-americano Dannion Brikley, que narra sua vida e a grande transformação pela qual passou após vivenciar, por duas vezes, uma inesquecível experiência no Plano Espiritual, em desdobramento, estando seu corpo físico morto clinicamente. O seu caso foi bem documentado pelo famoso pesquisador e psiquiatra Dr. Raymond Moody (V. AE 1993, p. 223), até mesmo incluindo-o no filme Vida Após a Morte, excelente documentário científico lançado, em 1992, nos EUA. (V. esta Seção do AE 1997).
(Fonte: http://www.forumespirita.net/fe/cinema-video/salvo-pela-luz-30247/)
Encontrando Forrestier
Jamal Wallace (Robert Brown) é um jovem adolescente que ganha uma bolsa de estudos em uma escola de elite de Manhattan, devido ao seu desempenho nos testes de seu antigo colégio no Bronx e também por jogar muito bem basquete. Após uma aposta com seus amigos, ele conhece ele conhece William Forrester (Sean Connery), um talentoso e recluso escritor com quem desenvolve uma profunda amizade. Percebendo talento para a escrita em Jamal, Forrester procura incentivá-lo para seguir este caminho, mas termina recebendo de Jamal algumas boas lições de vida.
(Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/encontrando-forrester/)
Para Sempre Pestalozzi
A Versátil e a Vídeo Spirite apresentam Pestalozzi para sempre, inédita cinebiografia do educador suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746 - 1827), um dos pioneiros da pedagogia moderna. Selecionado para o Festival de Cinema de Berlim, este drama tem como destaque a grande atuação do consagrado Gian Maria Volontè (A Classe Operária vai ao Paraíso) no papel-título. Edição Especial com vários vídeos extras sobre o legado de Pestalozzi e sua importância como educador do filósofo francês Allan Kardec (1804-1869), o Codificador da Doutrina Espírita. O filme focaliza um período crítico no desenvolvimento das teorias educacionais de Pestalozzi, quando o educador dirigia um internato para crianças pobres de um vilarejo na parte francesa da Suíça.
(Fonte: http://www.interfilmes.com/filme_22772_para.sempre.pestalozzi.html)
Quase Deuses
Nashville, 1930. Vivien Thomas (Mos Def) é um hábil marceneiro, que tinha um nome feminino pois sua mãe achava que teria uma menina e, quando veio um garoto, não quis mudar o nome escolhido. Eleé demitido quando chega a Grande Depressão, pois estavam dando preferência para quem tinha uma família para sustentar. A Depressão o atinge duplamente, pois sumiram as economias de 7 anos, que ele guardou com sacrifício para fazer a faculdade de medicina, pois o banco faliu. Thomas consegue emprego de faxineiro, trabalhando para Alfred Blalock (Alan Rickman), um médico pesquisador que logo descobre que ele tem uma inteligência privilegiada e que poderia ser melhor aproveitado. Blalock acaba se tornando o cirurgião-chefe na Universidade Johns Hopkins, onde está pesquisando novas técnicas para a cirurgia do coração. Os dois acabam fazendo um parceria incomum e às vezes conflitante, pois Thomas nem sempre era lembrado quando conseguiam criar uma técnica, já que não era médico.
(Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/quase-deuses/)
sábado, 15 de janeiro de 2011
OS FILHOS DA HISTÓRIA
A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave problema social. Nessa época, o beato Antônio Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da República, liderou um movimento de apoio à monarquia e renúncia à república. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.
Nascido na vila de Quixeramobim, no interior do Ceará, Antônio Vicente Mendes Maciel cresceu em uma família de padrão de vida mediano. Durante sua infância teve uma educação diversa que lhe ofereceu contato com a geografia, a matemática e as línguas estrangeiras. Aos 27 anos, depois da morte de seu pai, assumiu os negócios da família. Não obtendo sucesso, abandonou a atividade. Na mesma época, casou-se com uma prima e exerceu funções jurídicas nas cidades de Campo Grande e Ipu. Com o abandono da mulher, Antônio começou a vaguear pelo sertão nordestino. Em seguida, envolveu-se com uma escultora chamada Joana Imaginária, com quem teve um filho. Em 1865, Conselheiro abandonou a mulher e o filho e retornou à sua peregrinação sertaneja. Nessas andanças, começou a construir igrejas, cemitérios e teve sua figura marcada pela barba grisalha, a bata azul, sandálias de couro e a mão apoiada em um cajado.
Sob a perspectiva de alguém influenciado pelas contrariedades pessoais e os problemas sócio-econômicos do sertão, Antônio Conselheiro iniciou uma pregação religiosa defensora de um cristianismo primitivo. Defendia que os homens deveriam se livrar das opressões e injustiças que lhes eram impostas, buscando superar os problemas de acordo com os valores religiosos cristãos. Com palavras de fé e justiça, Conselheiro atraiu muitos sertanejos que se identificavam com a mensagem por ele proferida. Em 1876, autoridades lhe prenderam alegando que ele havia matado a mulher e a mãe, e o enviam de volta para o Ceará. Depois de solto, Conselheiro se dirigiu ao interior da Bahia. Com o aumento do seu número de seguidores e a pregação de seus ideais contrários à ordem vigente, Conselheiro fundou – em 1893 – uma comunidade chamada Belo Monte, às margens do Rio Vaza-Barris. Canudos foi o nome dado por seus opositores. Desde o início da comunidade, autoridades eclesiásticas e setores dominantes da população viam na renovação social e religiosa de Antônio Conselheiro uma ameaça à ordem estabelecida.
De um lado, a Igreja atacava a existência de Canudos alegando que os seguidores de Conselheiro eram apegados à heresia e depravação. Por outro, os políticos e senhores de terra, com o uso dos meios de comunicação da época, diziam que Antônio Conselheiro era monarquista e liderava um movimento que almejava derrubar o governo republicano, instalado em 1889. Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.
De um lado, a Igreja atacava a existência de Canudos alegando que os seguidores de Conselheiro eram apegados à heresia e depravação. Por outro, os políticos e senhores de terra, com o uso dos meios de comunicação da época, diziam que Antônio Conselheiro era monarquista e liderava um movimento que almejava derrubar o governo republicano, instalado em 1889. Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.
Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, os conflitos civis foram iniciados com várias batalhas travadas entre os jagunços de Conselheiro e o exército do estado da Bahia e duraram por quase um ano, até 05 de outubro de 1897. Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado. Por essa razão, pediu a interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e crianças.Incriminada por setores influentes e poderosos da sociedade da época, Canudos foi alvo das tropas republicanas.
Ao contrário das expectativas do governo, a comunidade conseguiu resistir a quatro investidas militares. Somente na última expedição, que contava com metralhadoras e canhões, a população apta para o combate (homens e rapazes) foi massacrada. A comunidade se reduziu a algumas centenas de mulheres, idosos e crianças. Antonio Conselheiro, com a saúde fragilizada, morreu dias antes do último combate. Ao encontrarem seu corpo, deceparam sua cabeça e a enviaram para que estudassem as características do crânio de um “louco fanático”. A Guerra de Canudos é tida como um dos principais conflitos que marcam o período entre a queda da monarquia para a instalação do regime republicano no Brasil.
O documentário Sobreviventes – Filhos da Guerra de Canudos, do diretor Paulo Fontenelle, conta a história dos descendentes das pessoas que conseguiram sobreviver ou escapar de alguma forma ao massacre de Canudos. Destacam-se os depoimentos de idosos como o seu Antonio de Isabel, que hoje está com 110 anos de idade, e é o único homem vivo que conheceu Antonio Conselheiro; seu João de Régis, cujos pais escaparam nos últimos dias da guerra; Dona Zefa de Mamede, sua mãe saiu de dentro de Canudos no final da guerra para procurar comida e quando retornou a cidade já estava destruída; entre outros, o filme pretrende resgatar essa história que permaneceu esquecida por muito tempo.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Infernos Mentais
Muitas crianças têm seus monstros. O meu era pensar que um espírito podia possuir meu corpo durante a noite e matar meu pai. Obviamente ficar sem meu pai me atormentava muito mais do que a idéia de que um espírito pudesse possuir meu corpo. Mas, por volta dos 11 ou 12 anos de idade, eu me viciei nesse tormento, porque criei uma realidade especial para ele. Quando a idéia emergia no consciente não conseguia mais freá-la e o circo do pânico estava montado. A idéia entrava em loop, um problema que eu só resolveria muitos anos depois, quando soube que espíritos não entram em corpos por sua própria vontade e que o amor, enfim, nos resguarda da ação daqueles de piores qualidades. Uma formiga não entra em casa de abelha. Porém, mais do que falar sobre a lógica e as origens de tal psicotismo e as conseqüências do mesmo na adolescência, gostaria de pontuar a facilidade com que as crianças criam universos paralelos, realidades alternativas não menos verdadeiras do que àquelas que vivemos, seja em brincadeiras ou por autoflagelo. Quando acreditamos que algo é verdadeiro, tudo nos leva a manter essa crença e o universo conspira para nos manter longe da realidade comum. Foi justamente numa dessas realidades paralelas que Nicolas (nome original do personagem) entrou para nos brindar com O Pequeno Nicolau, um desses filmes que nos divertem com conteúdo.
O personagem Nicolas (ainda não sei porque a tradução para o português trocou Nicolas por Nicolau, já que se tratam de dois nomes distintos e tanto no Brasil quanto na França ambos são usados – sendo assim, vou manter o nome original quando me referir ao personagem) foi escrito por René Goscinny, um dos autores de Asterix, no final dos anos 50, e os seus livros ilustrados por Jean-Jacques Sempé. Poderíamos dizer que o Pequeno Nicolas é a versão francesa do Menino Maluquinho, isto é, toda criança francesa conhece porque as estórias, assim como as de Asterix, atravessam gerações. Vale ressaltar aqui que, por ser um personagem nacional, deveria ter sido levado para o cinema há mais tempo. Voilá. Contudo, dirigido por Laurent Tirard e também escrito pelo diretor em parceria com o comediante Alain Chabat e Grégoire Vigneron, o filme O Pequeno Nicolau não é uma adaptação de uma das estórias de Goscinny, mas uma obra original.
O monstro criado por Nicolau surgiu com a suspeita de que a sua mãe estava grávida. Quando soube que teria um irmão, um sentimento de rejeição mais forte do que a razão e a lógica juntas se apoderou dos seus pensamentos e ocupou inteiramente suas preocupações. Nada podia remover a convicção de que seus pais estavam tentando se livrar dele com a chegada do mais novo rebento. Ele criou com tanta certeza a idéia de que seria desprezado quando a criança nascesse que passou a criar estratégias de autoproteção e é aqui que o filme, de fato, começa. Segundo a teoria dos universos paralelos, primeiramente escrita pelo físico americano Hugh Everett, em 1950, cada vez que uma possibilidade física é explorada, o universo divide-se em realidades, cada qual tendo o seu próprio universo não menos real do que aquele que conhecemos. Ou seja, quando criamos um universo paralelo, vivemos toda a realidade daquele universo e suas consequências físicas. Isso explica, por exemplo, a existência de doenças psicológicas - e até gravidez! Segundo Everett, num acidente de carro em que o motorista não morre e sai ileso, em algum universo ele pode ter morrido, assim como em algum universo ele pode ter se ferido, ou em outro se recuperado do acidente após uma boa estada no hospital. Os universos paralelos abrem infinitas possibilidades, cabe a nós escolher em que realidade vamos viver.
Quando criamos um inferno mental, vivemos todos os efeitos e consequências desse estado pertubador. O corpo padece, a mente agoniza e o espírito sofre uma angústia criada unicamente para fins de autoflagelo, que resiste como um vício do qual não é tão simples assim livrar-se. Na realidade externa, Nicolau leva uma vida pacífica, seus pais o amam e ele tem uma turma de amigos pestinhas na escola que apronta todas. A sua estratégia de autoproteção na eminência de ser abandonado pelos pais, quando o irmão nascesse, consistia em fazer-se indispensável. Seus primeiros planos, entretanto, não surtem o efetio desejado por ele. Outros são colocados em prática. Com a ajuda dos amigos da escola, ele cria novos estratagemas para a sua autodefesa e diversos planos entram em ação. Embora todos eles sejam muito bem elaborados, no final, os resultados são nulos. Nesse torvelinho ensandecido de planos mirabolantes que não resultam em nada realmente efetivo, Nicolau encontra um menino da escola cujos pais acabaram de ter um outro filho. Ele fala da chegada do irmão, da importância desse acontecimento em sua vida e do lado positivo de ser o irmão mais velho, transformando por fim o universo paralelo de sofrimento e angústia em que Nicolau se meteu desde o dia em que percebeu que ia ter um irmão. Mas uma grande supresa ainda estaria por acontecer na vida do pequeno Nicolau.
O personagem Nicolas (ainda não sei porque a tradução para o português trocou Nicolas por Nicolau, já que se tratam de dois nomes distintos e tanto no Brasil quanto na França ambos são usados – sendo assim, vou manter o nome original quando me referir ao personagem) foi escrito por René Goscinny, um dos autores de Asterix, no final dos anos 50, e os seus livros ilustrados por Jean-Jacques Sempé. Poderíamos dizer que o Pequeno Nicolas é a versão francesa do Menino Maluquinho, isto é, toda criança francesa conhece porque as estórias, assim como as de Asterix, atravessam gerações. Vale ressaltar aqui que, por ser um personagem nacional, deveria ter sido levado para o cinema há mais tempo. Voilá. Contudo, dirigido por Laurent Tirard e também escrito pelo diretor em parceria com o comediante Alain Chabat e Grégoire Vigneron, o filme O Pequeno Nicolau não é uma adaptação de uma das estórias de Goscinny, mas uma obra original.
O monstro criado por Nicolau surgiu com a suspeita de que a sua mãe estava grávida. Quando soube que teria um irmão, um sentimento de rejeição mais forte do que a razão e a lógica juntas se apoderou dos seus pensamentos e ocupou inteiramente suas preocupações. Nada podia remover a convicção de que seus pais estavam tentando se livrar dele com a chegada do mais novo rebento. Ele criou com tanta certeza a idéia de que seria desprezado quando a criança nascesse que passou a criar estratégias de autoproteção e é aqui que o filme, de fato, começa. Segundo a teoria dos universos paralelos, primeiramente escrita pelo físico americano Hugh Everett, em 1950, cada vez que uma possibilidade física é explorada, o universo divide-se em realidades, cada qual tendo o seu próprio universo não menos real do que aquele que conhecemos. Ou seja, quando criamos um universo paralelo, vivemos toda a realidade daquele universo e suas consequências físicas. Isso explica, por exemplo, a existência de doenças psicológicas - e até gravidez! Segundo Everett, num acidente de carro em que o motorista não morre e sai ileso, em algum universo ele pode ter morrido, assim como em algum universo ele pode ter se ferido, ou em outro se recuperado do acidente após uma boa estada no hospital. Os universos paralelos abrem infinitas possibilidades, cabe a nós escolher em que realidade vamos viver.
Quando criamos um inferno mental, vivemos todos os efeitos e consequências desse estado pertubador. O corpo padece, a mente agoniza e o espírito sofre uma angústia criada unicamente para fins de autoflagelo, que resiste como um vício do qual não é tão simples assim livrar-se. Na realidade externa, Nicolau leva uma vida pacífica, seus pais o amam e ele tem uma turma de amigos pestinhas na escola que apronta todas. A sua estratégia de autoproteção na eminência de ser abandonado pelos pais, quando o irmão nascesse, consistia em fazer-se indispensável. Seus primeiros planos, entretanto, não surtem o efetio desejado por ele. Outros são colocados em prática. Com a ajuda dos amigos da escola, ele cria novos estratagemas para a sua autodefesa e diversos planos entram em ação. Embora todos eles sejam muito bem elaborados, no final, os resultados são nulos. Nesse torvelinho ensandecido de planos mirabolantes que não resultam em nada realmente efetivo, Nicolau encontra um menino da escola cujos pais acabaram de ter um outro filho. Ele fala da chegada do irmão, da importância desse acontecimento em sua vida e do lado positivo de ser o irmão mais velho, transformando por fim o universo paralelo de sofrimento e angústia em que Nicolau se meteu desde o dia em que percebeu que ia ter um irmão. Mas uma grande supresa ainda estaria por acontecer na vida do pequeno Nicolau.
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Auto-assédio,
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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
As Inverossimilhanças do Medo
Nada mais normal do que se fazer uma sequência para blockbusters, ou campeões de bilheteria, ainda mais quando o primeiro filme tem no curriculum uma arrecadação de mais de US$ 60 milhões nos Estados Unidos logo na primeira semana. Arrebatador. Porém, tanto o #1 quanto o #2 desse thriller de terror apresenta a mesma intenção, isto é, fazer o espectador pular de cadeira de susto enquanto está no cinema e, mais tarde, deixá-lo vidrado de medo na cama na hora de dormir em casa. A intenção de assustar o espectador tem lá os seus méritos, mas para ser eficiente nesse quesito Atividade Paranormal 2 abriu mão de uma estória coerente e com algum sentido.
Na postagem sobre A Industria do Medo, publicada em 11 de janeiro de 2010 neste blog, comentei sobre as supostas regras para assustar utilizada nos roteiros dos filmes de suspense e/ou terror. É padrão seduzir o espectador para um susto num terço da fita, outro susto num segundo terço e pisar no acelerador dos sustos no último quarto de tempo do filme, criando então um final chocante e revelador. Para dar um bom susto é preciso criar um ambiente prévio de aparente tranquilidade, relaxando o espectador antes de fazê-lo finalmente pular da cadeira. Cruel. Mas a verdade é que, quanto mais tranquila for a cena que leva ao susto, ou que lhe serve de gancho, maior será o pulo da cadeira. E os diretores fazem questão de levar isso a sério porque o espectador adora pular da cadeira em filmes de suspense e terror - eu, ao contrário, já tenho o hábito de ficar colado nela. Nesse aspecto, as duas edições de Atividade Paranormal mostraram algo inovador: deixaram todos os sustos para os últimos 30 minutos de filme, ou seja, o seu último quarto.
Podemos dizer que, quando um filme não está embasado na verdade, ou melhor, quando ele não foi feito com base em pesquisa séria, inevitavelmente, veremos uma fantasia. Há um pouco de ficção na realidade, mas não de fantasia. Ou seja, criamos coisas que passam a ser verdades. Mas não podemos criar o que não é possível. Nesse aspecto, Atividade Paranormal não parece interessado em verossimilhanças para tratar de assunto sério, mas de simplesmente entreter através do medo. As crenças ficam claras na estória. Tanto a jovem adolescente, que busca na internet maiores informações sobre "demônios," quanto a empregada, provavelmente mexicana, parapsíquica, que traz soluções mágicas para afastar espírito ruim, procuram soluções em suas crenças.
Ambos as estórias são improváveis sob vários aspectos, mais notadamente no fenomenológico e contextual, e ambas as produções pecam no roteiro e acabamento de imagem, muito embora este último probleminha seja o grande diferencial do diretor envolvido no chamado filme verdade. Paradoxalmente, o perigo da incoerência em Atividade Paranoral 2 é a perda de contato com a realidade e a consequente omissão didática do fenômeno em si, pois ele existe de uma maneira não mostrada no filme. Por essa razão, decidi escrever sobre o filme.
Na postagem sobre A Industria do Medo, publicada em 11 de janeiro de 2010 neste blog, comentei sobre as supostas regras para assustar utilizada nos roteiros dos filmes de suspense e/ou terror. É padrão seduzir o espectador para um susto num terço da fita, outro susto num segundo terço e pisar no acelerador dos sustos no último quarto de tempo do filme, criando então um final chocante e revelador. Para dar um bom susto é preciso criar um ambiente prévio de aparente tranquilidade, relaxando o espectador antes de fazê-lo finalmente pular da cadeira. Cruel. Mas a verdade é que, quanto mais tranquila for a cena que leva ao susto, ou que lhe serve de gancho, maior será o pulo da cadeira. E os diretores fazem questão de levar isso a sério porque o espectador adora pular da cadeira em filmes de suspense e terror - eu, ao contrário, já tenho o hábito de ficar colado nela. Nesse aspecto, as duas edições de Atividade Paranormal mostraram algo inovador: deixaram todos os sustos para os últimos 30 minutos de filme, ou seja, o seu último quarto.
Podemos dizer que, quando um filme não está embasado na verdade, ou melhor, quando ele não foi feito com base em pesquisa séria, inevitavelmente, veremos uma fantasia. Há um pouco de ficção na realidade, mas não de fantasia. Ou seja, criamos coisas que passam a ser verdades. Mas não podemos criar o que não é possível. Nesse aspecto, Atividade Paranormal não parece interessado em verossimilhanças para tratar de assunto sério, mas de simplesmente entreter através do medo. As crenças ficam claras na estória. Tanto a jovem adolescente, que busca na internet maiores informações sobre "demônios," quanto a empregada, provavelmente mexicana, parapsíquica, que traz soluções mágicas para afastar espírito ruim, procuram soluções em suas crenças.
Ambos as estórias são improváveis sob vários aspectos, mais notadamente no fenomenológico e contextual, e ambas as produções pecam no roteiro e acabamento de imagem, muito embora este último probleminha seja o grande diferencial do diretor envolvido no chamado filme verdade. Paradoxalmente, o perigo da incoerência em Atividade Paranoral 2 é a perda de contato com a realidade e a consequente omissão didática do fenômeno em si, pois ele existe de uma maneira não mostrada no filme. Por essa razão, decidi escrever sobre o filme.
O filme deixa algumas perguntas no ar. Se você instalasse um sistema de câmeras de segurança em sua casa, por conta de um suposto arrombamento ocorrido na sua ausência, você se recusaria a ver as imagens gravadas nessas câmeras quando houvesse um caso "estranho" na sua residência? Se três pessoas que vivem com você afirmassem que algo "estranho" está acontecendo na sua casa, qualquer coisa bem fora do normal, a sua reação seria a de simplesmente ignorar os fatos? Ainda, no clímax de uma situação de grande perigo dentro da sua casa, você pegaria primeiro a lanterna e esqueceria o seu filho no berço? Se a sua cunhada já tivesse passado pela mesma série calamitosa de fenômenos paranormais, você acharia normal se ela simplesmente desprezasse o seu problema? E por fim, depois de ver a sua casa literalmente sacudida por fenômenos paranormais e sua família devastada pelos traumas dos assombrosos eventos, você continuaria morando na mesma residência como se nada tivesse acontecido? Se você respondeu “sim” para qualquer uma das questões acima, o seu bom senso e discernimento estão em níveis críticos.
Uma possível justificativa para as inverossimilhanças do enredo reside no fato de que, nos Estados Unidos, entende-se por espírito a alma penada de um dessomado errante, uma consciência patológica ainda presa à matéria, mas não violenta e cruel, enquanto por "demônio" entende-se os espíritos que, em sua essência vil, espalham o mal, infernizam os vivos e lhes cobram promessas impagáveis e reclamam pactos eternos. Segundo a crença popular, esses "demônios" têm uma força descomunal e um domínio da matéria muito maior do que a de muitos vivos. São sorrateiros, ardilosos, vingativos e agem muitas vezes escondidos em brumas e sombras, com cheiro fétido e baixando a temperatura a níveis glaciais, quando não materializados em gente conhecida de suas vítimas a fim de as seduzirem com facilidade e manterem-se no anonimato. Há uma vasta literatura sobre "demônios" na internet. Em Atividade Paranormal 2 é um deles que toca o terror (ou será que havia mais de um? Não se sabe). Porém, vale à pena lembrar que esse poder demoníaco tem sido explorado à exaustão nos filmes de terror de uma maneira unicamente interessada em assustar, sem qualquer embasamento de pesquisa séria, dando a falsa impressão de um mal irremediável, o que pode gerar um engano danoso para espectadores menos avisados, porém afoitos o suficiente para encarar o perigo da ignorância multidimensional.
Ora, a paragenética ainda não revelou um padrão comprovável de energias extrafísicas capaz de suplantar em força a propriedade anímica das energias vitais (intrafísicas). O corpo físico é uma fonte de energia singular, potencializada por carne, órgãos, ossos e músculos, própria do ambiente físico e fortificada também pelas energias imanentes, provenientes da terra, do fogo, da madeira, da água e do ar, de pedras, plantas e animais, como de outros elementos inerentes do mundo material. A lógica universal não confirma a idéia de que uma consciência que não mais possui o corpo físico, isto é, energia anímica, seja capaz de utilizar padrões de energias intrafísicas com a mesma potencialidade de um ser vivo, senão por meio justamente deste ser humano vivo. Ou seja, nos doamos energia para que um espírito se manifeste materialmente (ectoplasmia). Se por um lado, o filme deixa a impressão de que “demônios” (equivocadamente) devem ser temidos por sua força própria, por outro, ele fornece uma justificativa (intencional ou não?) para o uso dessa habilidade e força em tais criaturas, uma vez que há na casa um adolescente e uma criança. Num ambiente propenso a poltergeists, normalmente, há jovens adolescentes ou crianças pequenas doando energias para esses eventos. Isso porque, em fase mais tenra, as energias são bem mais potencializadas e menos controladas, de modo que espíritos técnicos nessa modalidade sabem muito bem como usá-las. Mas poltergeits não acontecem por acaso, não são aleatórios e não se justificam apenas no histórico energético do ambente. É preciso haver uma freqüência de energia humana compatível, uma razão pela qual tais espíritos se comuniquem, isto é, uma entropia energética trilateral (espírito-humano-ambiente). A sinergia entre esses três componentes desencadeiam o poltergeist. O ambiente serve de repositório para as consciências efermas, mas os seres vivos fornecem o combustível para as suas ações. Sendo assim, a possibilidade para que eventos como esses mostrados no filme aconteçam não depende apenas do assediador (aqui, "demônio"), mas igualmente do fornecedor das energias motrizes e do próprio ambiente em que ele vive ou se encontra temporariamente.
Particularmente, por alguma razão provavelmente autosabotadora, penso que Atividade Paranormal 2 é melhor do que o seu predecessor, porque há mais momentos em que podemos acreditar que aquilo é possível, mas não deixa de ser um filme repleto de lacunas de coerência, feito para dar sustos e promover medo. Enfim, o diretor deve saber que, quem gosta de ir ao cinema com o propósito de tomar susto e sentir medo, não está muito interessado em saber se a estória faz sentido.
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