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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

CHEGA DE SAUDADE DO ETTORE SCOLA

O filme Chega de Saudade da diretora Laís Bodanzky poderia ter sido feito pelo diretor italiano Ettore Scole pois me lembrou o seu clássico O Baile, com um desfile de personagens heterogêneos que se encontram num mesmo espaço nos enchendo de humanidade.

O mais cativante em Chega de Saudade é ver o trabalho de camera. Aqui o roteiro não peca no tempo da camera ligada. Pelo contrário, a camera ligada nesse caso mostra tanto que esquecemos que todo aquele universo faz parte de uma mesma tomada. Os personagens são ricos em fatos, tipos, situações vividas no baile, experiências de vida, modo de ver a realidade e opiniões. Não sou adepto dos bailes de música de salão, mas aqui há muito mais do que isso: há humanidade, uma realidade crua do ser humano em busca da felicidade, do prazer. Tudo isso numa idade em que muitos ali já dobraram o cabo da boa esperança. Há tanta vida nesse filme!

A diretora foi muito feliz ao escolher o tratamento para o seu filme. Chega de Saudade mostra um baile de música de salão, em algum clube situado numa esquina de São Paulo. Os personagens chegam ainda à luz do dia e ficam lá até tarde. Todos querem se divertir, dançar, sentir alguma paixão, beijar, viver, transar no fim da noite ou lá mesmo, conhecer pessoas, paquerar, sentir prazer, algum tipo de contentamento e felicidade. Essa busca nos leva a conhecer o ser humano em sua essência, em tantos casos paralelos que se encontram nessa humanidade explícita no filme.

Como disse, não sou fã da música de salão, mas sou fã da boa música e o filme apresenta 30 temas diversos, que vão desde Marvin Gaye cantando Get It On ao hino do bloco pernambucano de frevo Batutas de São José, do compositor João Santiago. Assim como a música, há um amálgama de gente que se completa tanto por pessoas de 20 anos como por senhores e senhoras de 80. Essa diversidade espantosa parece incrível funcionar num espaço reduzido de uma maneira tão humanamente harmoniosa.

Creio que, saindo do gênero comum da comédia e dos filmes de violência urbana e os dramas da pobreza, tenho ultimamente descoberto razões para repensar o cinema nacional e Chega de Saudade é uma dessas produções que me levam a isso.

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