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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Guerra e a Paz de Sérgio Vieira de Mello

Para se fazer a paz é preciso tentar compreender a existência da guerra. A paz se faz a partir da guerra e um pouco a cada dia. Se não entendemos a guerra, será difícil mantermos a paz. Sérgio Vieira de Mello, certamente, devia saber disso, pois ele estava tentando entender uma quando morreu em 2003, vítima de um atentado a bomba atribuído à Al Qaeda contra a sede local da ONU, no Iraque.

Sérgio Vieira de Mello nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de março de 1948. Foi um diplomata brasileiro, funcionário da Organização das Nações Unidas por 34 anos e Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos desde 2002. Sérgio Vieira de Mello foi um dos poucos homens que obtiveram êxito e visibilidade no cenário internacional. Sua atividade profissional, até a sua trágica morte em 19 de agosto de 2003, esteve dedicada à reconstrução de comunidades que sofreram as nefastas conseqüências de guerras e de violências extremas. O caráter humanista de sua formação, associado ao seu talento para a negociação e a defesa da democracia, mesmo em situações adversas, foram fatores-chave do sucesso de muitas de suas iniciativas. Seu exemplar desempenho, em defesa dos direitos e dos valores humanos, inspira a perpetuação de sua memória e o permanente debate do seu pensamento.


Uma missão intransferível no Iraque - o diplomata Sérgio Vieira de Mello morreu aos 55 anos no cargo que ficará marcado como o ápice dos seus 30 anos de carreira diplomática – representante especial da ONU no Iraque. Antes de ser indicado para a tarefa pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a principal credencial de Vieira de Mello, conhecido por seu estilo duro, porém gentil, foi conseguida no Timor Leste. Ele foi o titular da entidade na administração de transição que transformou o Timor em um país independente, entre 1999 e 2002. Antes de assumir o posto no Iraque em maio, Vieira de Mello insistira com Annan para ficar apenas quatro meses, de forma a manter o seu cargo como alto comissário para Direitos Humanos da ONU.O primeiro cargo de Vieira de Mello na organização foi assumido em 1969, no Alto Comissariado para Refugiados, em Genebra, na Suíça.


Um histórico notável de trabalhos pela paz no mundo - na década de 70, trabalhou em diferentes programas da organização em Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique e Peru. Entre 1981 e 83, Vieira de Mello foi conselheiro político das forças interinas do Líbano, na cidade libanesa de Naqoura. Nos anos 90, ele atuou na repatriação de refugiados do Camboja e foi delegado da ONU na província de Kosovo, na antiga Iugoslávia. No Iraque, o papel desempenhado por Vieira de Mello à frente da ONU foi bem mais complexo do que o que teve em situações anteriores, como no Timor Leste. Em 2003, ele foi enviado ao Iraque, em plena guerra. Segundo a resolução 1483, o representante especial da ONU no país deveria "trabalhar intensamente" com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha para restaurar as instituições iraquianas e zelar pelos direitos humanos, reforma legal e judicial e pela reconstrução do país.


O cenário iraquiano - o Iraque possui a segunda maior reserva de petróleo do mundo e tem uma população de 25 milhões de pessoas. Além de contar com poderes menores, a gestão da ONU no Iraque terá pela frente um país muito mais turbulento. O Iraque conta com uma população mais dividida política e religiosamente. Por quase três décadas, os muçulmanos xiitas, que constituem o maior grupo religioso do país, foram oprimidos pela minoria sunita, que exercia postos-chave no governo de Saddam Hussein. Além de possíveis embates entre xiitas e sunitas, o Iraque ainda conta com um elevado número de curdos, ao norte do país, que dominam uma área de grande autonomia dentro do Iraque e querem garantir sua participação no futuro do Iraque.



O documentário - Através de uma série de entrevistas realizadas em oito países, o premiado documentário Sérgio Vieira de Mello - A Caminho de Bagdá mostra a trajetória de vida do embaixador brasileiro. A direção é da jornalista Simone Duarte. Quarenta pessoas que o conheceram recordam o trabalho feito por este diplomata, que lutava contra a burocracia e tinha esperança na renovação das Nações Unidas, com particular destaque para suas missões em países como Moçambique, onde ele morou dois anos; Camboja, onde ficou um ano; e o Timor Leste, seu endereço por dois anos e meio. O atentado que o matou no Iraque também marcou o fim de uma era de ajuda humanitária internacional e o começo de novas incertezas. Nos extras, uma entrevista especial com Kofi Annan, ex-Secretário Geral da ONU.

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