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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Atividade Paranormal

Já considerado um dos maiores fenômenos de bilheteria dos últimos tempos (com arrecadação superior a US$ 60 milhões nos EUA), Atividade Paranormal tinha tudo para entrar na lista dos melhores ghost movies: uma boa idéia. Mas esbarra no mito demoníaco, uma ferramenta temática já enferrujada da técnica de assustar.

Atividade Paranormal
conta a história de Katie e Micah, um jovem casal que, ao se mudar para uma nova casa em San Diego, passa a conviver com uma estranha presença. Um especialista em fenômenos paranormais visita a dupla assustada com os eventos, que ocorrem sobretudo durante a noite, mas ele não pode ajudá-los e receita a visita de um demoniólogo (nem sabia que havia a especialidade). Os eventos são evidenciados pela camera de vídeo que Micah acaba de comprar para registrar os fatos já anunciados pela namorada - uma paranormal com um histórico intrafísico bastante pertubador (ela havia passado por experiências de clarividências, pirogenia e poltergeists na infância) e extrafísico inimaginável (a figura que ronda os aposentos da casa acompanha a jovem há tempos imemoriais - que companhia!).

O namorado Micah é um jovem deslumbrado pelo desconhecido e sobrenatural, um pseudocorajoso adolescente tardio que desafia a criatura com seus shots da camera e uma tábua Oudja que ele compra para se comunicar com o além. O interessante é que é a própria criatura fantasmagórica quem se comunica com ele, e não o inverso. Na sua ausência, o espírito deixa literalmente o seu recado no objeto. Até aqui tudo bem. Lembre-se que a realidade (leia-se coerência, lógica e probabilidade) dita a qualidade de um bom ghost movie; não a fantasia e o desvario.

Com o registro das primeiras imagens e a comprovação dos eventos paranormais na casa enquanto o casal dorme, a curiosidade de Micah dá lugar a uma competição que ele trava consigo mesmo com o intuito de vencer as barreiras dimensionais e derrotar a criatura no grito. Mas as suas investidas documentais só aceleram o processo de resgate da tal "coisa que perambula a casa," pioram a situação, agravam a perda de mando de campo e dão cabo do controle energético da dupla - se é que havia algum desde o começo.

A idéia da camera de vídeo de Micah como o condutor das imagens do filme é muito boa e tem seus méritos no resultado que isso causa na platéia. Claro que já havíamos visto isso antes em A Bruxa de Blair, Cloverfield, Um Conto de Natal etc. Mas esse recurso ainda produz um bom efeito documental na história e tem força semiótica. O roteiro tem conteúdo dramático e ritmo ardiloso, mas o diretor não fez um documentário. E como filme, a intensão foi mesmo a de assustar.

O filme chega então a um ponto em que o problema pluriexistencial de Katie é também o de Micah - ele compra a briga por ser ingênuo e infantil, mas também por tentar ser o cavaleiro da Tábua Oudja Redonda. Por conta das suas gracinhas e turbulências emocionais de um adolescente, "a coisa que perambula a casa de noite" agora quer lhe pegar (e não é que pega!).

Fenômenos conhecidos como Poltergeist ocorrem promovidos por energia física densa e por intermédio das bioenergias de consciências intrafísicas (vivas no plano físico). Os eventos envolvem chuvas de pedras, movimentação de objetos, manuseio de objetos elétricos, eletrônicos etc., pirogenia, aparecimento de água, sons, luzes, sem qualquer manipulação humana direta.

As razões para o aparecimento desses fenômenos, bem como o perfil das pessoas que os desencadeiam são bastante complexas. A hipótese mais aceita na ciência hoje é a teoria da psicodinâmica, adotada por William Roll e outros. Poltergeist é uma palavra de origem alemã que se popularizou na época da Reforma, sendo utilizada por Martinho Lutero para se referir à ação de um "espírito brincalhão;" polter (barulhento, brincalhão) e geist (espírito). Na verdade, geist também significa "a mente de alguém vivo."

Sempre que há o lançamento de um ghost movie fico torcendo para que os eventos da história sejam coerentes, para que o misticismo religioso que se criou em torno do tema seja, aos poucos, desfeito. A cultura do medo pelo desconhecido, pelo sobrenatural, criado pelas religiões, com as dicotomias céu-inferno, paraíso-purgatório, bem como através do materialismo, no entanto, é um fator alijante da evolução humana e do conhecimento multidimensional. Estamos sempre atrelados a condicionantes de verdades absolutas e não deixamos a "tigela esvasiar" para que novos conhecimentos tenham lugar na razão. A intensão de assustar desses filmes é tão sorrateira e ardilosa que o simples uso da sonoplastia pode ter essa intenção, como em Atividade Paranormal - sempre que "a coisa que perambula na casa" está por aparecer, uma música sinistra toca antes (a trilha sonora do medo). Isso é comum, mas ainda lamentável. O resultado disso é que milhares de consciências infantilizadas por essa cultura não conseguem dormir à noite por causa do filme. Bye bye maturidade consciencial.





2 comentários:

  1. Essa hisória de sobre natural é muito boa mas deveriam levar mais à sério.

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  2. besteirol gostei naum muito paia. nunca um filme de ghost vai ser tão bom quanto o exorcista. valeu a tentativa.kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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