Bem-vindos ao Cinema & Consciência, um novo espaço para a difusão e a discussão do cinema brasileiro e internacional. Vamos falar de filmes ou documentários, discutir ética e estética do cinema, com enfoque nas pessoas, nos temas e nos fatos. Os comentários dos visitantes serão sempre bem-vindos.

Todos os textos neste blog são de autoria de Mário Luna, salvo aqueles em que a fonte for mencionada.
Críticas construtivas e sugestões em geral, envie e-mail para este blogger: cinemaconsciencia@gmail.com

"Não acredite em nada que ler ou ouvir neste blog. Reflita. Tenha as suas próprias opiniões e conclusões"





sábado, 4 de julho de 2009

Ilusões Vitais

Quanto tempo pode ser necessário para entendermos que a realidade em que vivemos não é exatamente aquela na qual acreditamos ? A resposta correta exige lucidez para entendermos os fatos e discernimento para concluirmos da forma correta tal realidade. Em ambos os casos não é nada difícil estarmos equivocados, siderados em crenças ou enganados por idéias psicóticas.

Psicose é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um estado mental no qual existe uma perda de contato com a realidade. Ao experenciarmos um estado psicótico, nossos pensamentos ficam desorganizados, alucinado e em delírio. A falta de discernimento gera uma falha crítica, que se traduz numa incapacidade de reconhecermos o caráter estranho ou bizarro do nosso comportamento. Desta forma surge a dificuldade de compreendermos a realidade externa na qual vivemos. Muitos de nós têm experiências fora do comum ou mesmo relacionadas com uma distorção do que é real em algum momento da vida. Portanto, a psicose não se restringe apenas aos que sofrem de algum problema psiquiátrico patológico crônico. Muito pelo contrário, a psicose em algum nível faz parte do comportameto humano, através de idéias fixas e repetitivas e teimosias sem sentido que conservamos, contra toda a opinião externa.

Quando a psicose interfere na veracidade de nossas convicções a situação fica mais séria. A dificuldade que por vezes temos para entender uma determinada situação, condição ou contexto pode causar riscos à nossa interação social e, sobretudo, às nossas relações mais próximas. Exercitar o discernimento e a lucidez, por meio do autoconhecimento e da auto e heterocrítica, pode nos livrar de probelmas maiores, como a cronicificação do estado patológico. No filme de Rodrigo Garcia, Passageiros, o psicotismo ganha uma dimensão extrafísica, mas o diretor não perde a lucidez em nenhum momento. Aqui, a parapsicose está tratada de forma pensada e ordenada através de um bom roteiro e de maneira honesta e sem sensacionalismos por meio de uma produção limpa e direção sóbria. Está tudo ali e é daquele jeito mesmo.

Considerando a variável multidimensional, dizemos que o nosso comportamento reflete o que há em nossa psicosfera (bioenergética). Contudo, mais do que considerar aqui o nosso universo bioenergético, o comportamento psicótico está plantado na memória integral da consciência, na paragenética humana, ou mais dieratmente, na história consciencial, construída a partir de suas experiências intra e extrafísicas. Por isso a dificuldade que temos de nos livrarmos de antigos hábitos entrópicos, desorganizados e improducentes. E como é difícil mudarmos um comportamento arraigado. Desde parar de fumar até o ato de erradicar uma depressão, o comportamento "antigo" nos deixa apenas sob uma forte pressão da vontade, com obstinação e por meio da paciência. E, claro, quando isso não é resolvido no ambiente físico, não há razão para nos livrarmos desse fardo depois da morte física. E aí o negócio muda de figura sob inúmeros aspectos.

Quem ainda não ouviu histórias de espíritos que se recusam a aceitar a morte física, que perambulam pelos locais onde viveu, que não abandonam os entes queridos, que revivem o momento traumático em que morreram, que acreditam psicoticamente que ainda estão vivos ? Se essas condições lhe parecem coisas do "outro mundo," que tal nos colocarmos na situação em que psicoticamente também acreditamos no que não existe: uma pseudoamizade, um ponto de vista equivocado, um sonho, uma fantasia, um auto-engano, enfim, em situações que, na verdade, não percebemos que ficaram no passado.

Lamentamos as mudanças porque as lembranças do passado são mais fortes do que a realidade. É difícil abrir mão do que temos, dizer adeus, fechar ciclos, corrigir comportamentos, ou simplesmente mudar de emprego. Qualquer mudança é motivo de pânico para os neofóbicos. E quando tais mudanças cruzam dimensões, as superações ganham uma força extra. Não deixamos de ser quem somos após a morte física, e posso até arriscar a pensar que somos muito mais o que somos no além do que no aquém, pelo simples fato de reassumirmos a memória integral, onde não apenas as lembranças da útima experiência física existem, mas a memória de toda a nossa história consciencial, pessoal e atemporal.

Após um trágico acidente aéreo, a jovem (e bonita) psiquiatra Claire (Anne Hathaway) é escolhida por seu chefe para atender dez sobreviventes do vôo fatídico. Enquanto ela ouve os relatos de todos e coleta informações do que pode ter acontecido, Claire conhece o misterioso Eric (Patrick Wilson) e se sente atraída por ele. Os dois enfim se aproximam de uma forma tão intensa que essa relação vai além do campo profissional. No decorrer do tempo, os outros sobreviventes começam a desaparecer inexplicavelmente e Claire acredita que Eric tem as respostas para esses estranhos acontecimentos devido a visões que ele mesmo diz ter. Agora a jovem fará o que for preciso para descobrir a verdade sobre o que aconteceu e pode chegar a respostas surpreendentemente assustadoras. Assistam.


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Muito obrigado pela recomendação, gostei muito do filme. É sempre bom lembrar que não somos daqui.

    abs,
    Julio

    ResponderExcluir