
Às 8:15 da manhã, o avião Enola Gay largou a bomba nuclear sobre o centro de Hiroshima. Ela explodiu a cerca de 600 metros do solo, com uma potência equivalente a 13 kton de TNT. Assim são planejadas as explosões das bombas nucleares, pois, caso contrário, segundo seus criadores, grande parte de sua potência seria desperdiçada sob o solo. Os danos infraestruturais estimam-se em 90% dos edifícios danificados ou completamente destruídos. O que mais impressiona nas catastrofes de Hiroshima e Nagasaki, no entanto, não chega a ser nem mesmo o ainda que assustador número de mortos, mas a maneira instântanea como essas pessoas comuns se tornaram vítimas fatais. Isto é, da normalidade de um dia comum ao completo holocausto não durou mais do que alguns segundos. Talvez nenhuma outra fração de tempo tenha afetado tão absurdamente, simultaneamente e eternamente o destino e a memória de um povo quanto as bombas atômicas jogadas nos dias 6 e 9 de agosto de 1945 sobre respectivamente Hiroshima e Nagasaki.
Após seis meses de intenso bombardeio em 67 outras cidades japonesas, por ordem do presidente americano Harry Truman a bomba "Little Boy" foi jogada sobre Hiroshima numa segunda-feira e 3 dias depois os americanos lançaram "Fat man" sobre Nagasaki. Historicamente, estes são os únicos ataques onde se utilizaram armas nucleares até hoje. As explosões nucleares, a destruição das duas cidades e as centenas de milhares de mortos em poucos segundos, levaram o Império do Japão à rendição incondicional no dia 15 de agosto de 1945, com a subsequente assinatura oficial do armistício em 2 de setembro na baía de Tóquio e o fim da II Guerra Mundial.
O papel dos bombardeios atômicos na rendição do Japão, assim como seus efeitos e justificações, foram submetidos a muito debate a posteriori. Nos EUA, a opinião que prevale

O modelo de país devastado por uma guerra, que consegue se reerguer dos escombros, serve sempre como lição de superação, reconstrução e reciclagem de vida para muitos outros, não apenas por conta das mudanças atribuídas aos esforços governamentais, mas, sobretudo, devido às lutas pessoais dos sobreviventes. Em Filhos de Hiroshima, Kaneto Shindo mostra tanto a superação pessoal quando grupal e ainda traduz em imagens o horror da explosão da primeira bomba atômica no mundo. Aclamado pela crítica que o considera um dos mais belos filmes já realizados para o cinema, Filhos de Hiroshima causa reflexão com seu registro humanístico sem, no entanto, apelar para o tom acusativo-vitimizador nem explorar a catastrofe. A impressão que tive foi a de que o diretor foi até Hiroshima não só para mostrar ao mundo as conseqüências incomensuráveis de se destruir completamente uma cidade com uma bomba nuclear, mas também para ajudar a população a recolher os próprios escombros.
Filhos de Hiroshima é uma provocativa e instigante obra sobre a natureza humana, sobre a bomba atômica e sobre seu legado. Um pequena obra-prima,” publicou a Filmref.com. O filme conta a história de uma jovem professora numa viagem à Hiroshima. Mesmo em processo de reconstrução, a cidade já é um

O holocausto sobrevive e em cada cena ele como uma espécie de maldição inescapável, aparece nas cicatrizes carregadas pelos sobreviventes, como no rosto torrado de um mendigo maltrapilho. Mesmo quando as aparências foram poupadas e sugerem a superação do trauma, o passado retorna no andar torto de uma personagem. Até o céu, que anteriormente Takako havia descrito como “tão grande quanto sempre foi”, também se torna uma visão amendrontadora, enquanto ela ouve o som de um avião passando. Ao retornar para Hiroshima, a professora havia decidido revisitar os seus conhecidos e alunos ainda vivos e se depara com as seqüelas do drama, incluindo a morte.
O estilo narrativo-compassivo de Kaneto Shindô, um diretor nascido em Hiroshima e em cuja carreira figuram nada menos do que 145 filmes escritos e 43 dirigidos, às vezes parece bastante convencional ou previsível. Fica claro em Filhos de Hiroshima sua vontade escancarada de nos sensibilizar com os horrores causados pelas bombas. Há no filme momentos de tristeza delicada, como a separação demorada de dois personagens em uma ponte, um jantar que despede um avô de seu neto, e a solidão de uma mulher e seu afeto nunca declarado por um homem falecido. Filhos de Hiroshima é um filme mui sensível com uma bagagem histórica muito significativa, e ainda nos ensina a nos reerguer diante dos fracassos, até mesmo quando tudo à nossa volta parece reduzido a escombros.
Título original: Gembaku no ko; Título em português: Filhos de Hiroshima; Diretor: Kaneto Shindô; Gênero: drama; País: Japão; Ano de produção: 1952; Duração: 97 min.
NOTA CURIOSA: NENHUM CLIP SOBRE HIROSHIMA PÔDE SER INCLUSO NESTA MATÉRIA, NEM MESMO O TRAILER DO FILME. OUTROS VÍDEOS FORAM TESTADOS E FUNCIONARAM PERFEITAMENTE. CONTUDO, TODOS OS VÍDEOS SOBRE A BOMBA, DE DIFERENTES FONTES, FORAM REJEITADOS, ACUSANDO ERRO DE CARREGAMENTO.
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