
O cineasta aprimora seu estilo ao realizar seus próximos filmes. Os quatro últimos filmes do diretor foram realizados através de uma produção francesa: "A dupla vida de Veronique" (estrelando Irène Jacob) e a Trilogia das Cores (A liberdade é azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha). A trilogia das cores foram filmes os quais deram um maior sucesso comercial ao diretor. São baseados nas cores da bandeira francesa e no slogan da revolução do país. O toque de Kieslowski está na sua representação das palavras liberdade, igualdade e fraternidade e na forma que as cores dão o ambiente psicológico da história. Outro ponto interessante é reparar no cruzamento de elementos em comum entre os três filmes.
Decálogo é um projeto de grande intensidade e função. A forma de contar a história muda nesta fase. O diretor passa a usar uma quantidade mínima de diálogos, concentrando-se no poder da imagem e das cores. As palavras são substituídas por uma poesia imagética. Feito para a televisão polonesa, a série lança em dez media-metragens um novo olhar sobre os dez

Decálogo trata-se de uma coleção completa de histórias intimistas, que cobre todo o espectro de emoções a que um ser humano está exposto durante sua breve passagem pela Terra. A obra - a que podemos chamar de obra-prima - não se trata de uma mini-série, cujos os outros nove capítulos são continuidades do primeiro. Os filmes são independentes entre si. Pode-se assistí-los de forma aleatória, mas é fácil perceber que todos têm conexões aparentemente invisíveis entre eles. Todos possuem uma unidade temática e narrativa rara.
Nas dez histórias, todas ambientadas em um conjunto residencial de Varsóvia, pessoas comuns enfrentam problemas cotidianos que se manifestam em diversas camadas de significados. O conjunto de apartamentos, com sua arquitetura monótona típica dos países do Leste europeu, sugere que, dentro de cada uma daquelas janelas, um drama universal. A idéia inicial do cineasta, que escreveu os dez roteiros junto com o parceiro Krzysztof Piesiewicz, era fazer um pequeno filme sobre cada um dos Dez Mandamentos. O projeto partiria de uma reflexão mais ampla a respeito da decadência dos valores católicos em uma Polônia transformada durante o século XX numa terra devastada, primeiro pelos nazistas, e depois, em território de ateísmo obrigatório, pelos comunistas. Enquanto escrevia as histórias, contudo, Kieslowski mudou de idéia. Retirou todas as referências à política, ao tempo e ao país

Nesse foco dos dramas humanos temos diversas polaroids. Do amor velado de uma filha pelo pai, até a paranóia de um homem com a crença da traição de sua mulher, coroado com um final comovente, os dez mandamentos estão muito bem representados. Cada uma das estórias cativa o espectador do começo ao fim. Elas estão muito distante do tipo de narrativa clássico, com começo, meio e fim bem demarcados. São pequenas fatias de vida.
Kieslowski filmou os dez episódios com diferentes diretores de fotografia, mas a unidade visual é bastante evidente. Ele também providenciou que os diferentes p

Decálogo é cinema em um nível de excelência que não existe mais, obrigatório na coleção de qualquer cinéfilo que se interessa pelos mistérios da natureza humana
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